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A QUINTA de BEETHOVEN

Reprodução -
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No sábado a Orquestra Sinfônica Brasileira, sob a regência de Lee Mills, apresenta na Sala Cecília Meireles um programa espetacular, pois tem a quinta de Beethoven, além do “Canto de amor e paz”, de Claudio Santoro, e do “Concerto para violino em Ré maior”, de Brahms. Três peças absolutamente geniais.

“Canto de amor e paz”, composto em 1950, marca o retorno de Santoro a uma música mais tonal, mas sem perder as dissonâncias do século XX. A obra impacta de cara, com um motivo triste e sereno que se repete e transforma. A impressão é a de um canto de amor melancólico e pedinte, às vezes exigente, como a música dialogando pela paz. Lindo! O concerto para violino, composto em 1878, é também de arrebatar em termos de melodias e será executado pelo carioca Daniel Guedes: “É um dos meus concertos favoritos. Já o toquei com diversas orquestras, mas será a primeira vez com a OSB”.

Sinfonia é uma forma musical para orquestra e a palavra, de origem grega, quer dizer “soar todos os sons juntos”. No século XVII, a palavra já era usada com este sentido, de instrumentos em grupos soando juntos, e para denominar várias obras. Mas é no período Clássico que a sinfonia se estabelece nos moldes de como a conhecemos hoje, geralmente com quatro movimentos, sendo o primeiro movimento, quase sempre, na “forma sonata” (que, grosso modo, é um movimento ou peça em que a estrutura musical consiste em três sessões: exposição, desenvolvimento e recapitulação). A sinfonia é uma das formas prediletas dos compositores. Haydn compôs 106 e Mozart, 41. Beethoven, após ter escrito suas duas primeiras ainda influenciado pelas de Mozart, compôs sua Terceira Sinfonia, “Eroica”, quando dá uma sacudida na sinfonia clássica, insuflando-a com a dramaticidade romântica que faz até hoje suas sinfonias serem especialmente apreciadas.

Das nove sinfonias escritas por Beethoven, a Quinta, composta entre 1804 e 1808, é certamente a mais célebre. Quem não conhece as quatro primeiras notas desta obra? TCHAN TCHAN TCHAN TCHAANNN. Pois é com este motivo inicial que Beethoven constrói o primeiro movimento (Allegro con Brio) e de forma sutil o usa nos outros três movimentos. Conhecido também como o motivo do “Destino”, uma referência ao toc toc toc do destino que bate em uma porta. Motivo rítmico este que, mesmo sendo usado com diferentes harmonias, constitui um dos elementos básicos para a construção do conflito da peça, também descrito como uma batalha de tensões e vitórias que se estende pelos outros movimentos. O segundo movimento (Andante), mais calmo e lírico que o primeiro, tem dois temas que se entrelaçam e alternam. O Terceiro movimento (Scherzo) volta à dramaticidade. No Quarto movimento (Allegro) a explosão de felicidade ressurge em Dó maior, indicando que a batalha iniciada no primeiro movimento, em Dó menor, é resolvida, talvez celebrando a derrota do destino.

A Quinta de Beethoven tornou-se uma fonte de inspiração e modelo para os compositores que vieram a seguir, para quem deve ter sido tarefa nada simples compor suas “quintas sinfonias” sob o peso da perfeição da de Beethoven. Apesar disso, temos sinfonias no. 5 quase tão espetaculares quanto a de Beethoven. Minha segunda “quinta” preferida é a de Mahler, que inclui o famoso Adagietto...Caso sério de amor este Adagietto, quem não ama esta peça? Assunto para uma próxima coluna, além de tantas outras sinfonias no.5, como as de Sibelius, Schostakovich, Brukner etc.

Macaque in the trees
. (Foto: Reprodução)