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Redescobrindo Botafogo

Divulgação -
Casa Firjan na Rua Guilhermina Guinle, 211
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Ainda hoje é possível notar que o bairro de Botafogo teve uma história mais gloriosa do que a desordem de suas ruas atuais, por muitos cantos do bairro há vestígios de um tempo em que era o lugar mais elegante do Rio. Local que Machado de Assis descreveu como aristocrático quando Rubião, do romance “Quincas Borba”, se muda para o Rio de Janeiro, cheio de casas grandes, palacetes, e em que “Sofia inaugurou os seus salões de Botafogo, com um baile, que foi o mais célebre do tempo. Estava deslumbrante...”. Tempos passaram e, como é o comum no Brasil, quase tudo foi sendo substituído sem cuidados, sem qualquer projeto urbanístico mais elaborado em preservar a história arquitetônica, e pior, dando lugar à especulação imobiliária canibalista com aval de governos, que quase conseguem destruir a cidade. Então, é uma maravilha que ainda haja resquícios de belezas passadas. Mais maravilhoso ainda quando um imóvel como a atual Casa Firjan é salvo, antes que alguém decidisse construir mais um punhado de edifícios-caixotes em seu lugar.

A Casa Firjan, mais para palacete do que casa, é uma construção inspirada na arquitetura “Art Nouveau” do século XIX na Europa e foi construída para moradia da família Guinle em 1906. O palacete passou anos abandonado, à venda, sem que nenhum interessado ousasse comprar um imóvel tombado. E agora, finalmente, renasce restaurado com a exuberância da época e adicionado ao seu terreno um anexo de construção contemporânea projetado pelo escritório de arquitetura Lompreta Nolte. O novo edifício, bem integrado ao espaço, produz com a Casa um contraste interessante de estilos de arquitetura. Financiada pela Firjan (organização privada que representa as indústrias do estado), a Casa pretende ser um espaço para exposições, instalações, concertos, palestras, além de espaço para treinamentos e para pesquisa. A parte de música, sob a curadoria do compositor João Guilherme Ripper, apresentará cinco concertos até o final do ano e tem estreia amanhã, com apresentação do extraordinário pianista Cristian Budu.

MC: Como é o ambiente? Há uma sala de concertos?

J.G. Ripper: A arquitetura da casa, em estilo eclético, é uma bela moldura para a programação que criamos. Os concertos serão realizados nas salas de estar e jantar, que são contíguas e possuem uma boa acústica.

MC: E qual o critério da escolha de repertório?

J.G. Ripper: Os critérios que nortearam a programação foram a excelência musical dos intérpretes e a adequação do repertório ao aspecto intimista da apresentação.

Macaque in the trees
Casa Firjan na Rua Guilhermina Guinle, 211 (Foto: Divulgação)

No programa desta quinta-feira às 19h30 Budu tocará Kreisleriana, de Schumann, um ciclo com oito peças que o compositor dedicou a Chopin. O nome foi retirado de um personagem de E.T.A. Hoffmann, Johannes Kreisler. Em seguida o pianista executará os 24 prelúdios de Chopin, peças curtas em que cada uma tem uma tonalidade diferente. Este primeiro concerto, excepcionalmente, terá entrada gratuita. Os seguintes, serão a preços populares (R$ 10).

Mais uma opção de boa música na cidade e num bairro charmoso que estava carente de concertos.