ASSINE
search button

A Sala do Rio

Vitor Jorge / Divulgação -
Vitor Jorge / Divulgação
Compartilhar

Gostaria de começar a coluna de forma mais positiva (não desista, há “esperança” adiante), só que está meio difícil falar em ir a concertos ou qualquer tipo de entretenimento sem pensar na violência e na miséria que assolam a cidade. Saltam aos olhos pessoas dormindo e jogadas nas ruas. Muita gente diz não querer sair à noite por se sentir insegura diante da crise e de suas consequências. Por isso é notável que a Sala Cecília Meireles esteja bombando em termos de público.

Parte do sucesso da Sala se deve ao seu atual diretor, o pianista Miguel Proença, que em resposta à crise não se intimida em organizar uma programação de alta qualidade, rica de concertos (alguns citados abaixo) para os mais diversos gostos. Além de ter uma acústica formidável, que espaço mais charmoso é a Sala! Então, vencida a resistência a sair à noite, ir à Sala é um programa bom demais, além de um ponto de encontro para quem gosta de música. Um problema desse programa é a segurança para quem vai de carro e usa o estacionamento, o que é conveniente, embora o beco que o liga à Sala seja escuro. Nada que não se resolvesse com um poste com mais luz e um segurança. Para quem vai de transporte público, fica ainda mais difícil, pois a cidade toda precisa de mais segurança. Indo de táxi, é perfeito. Alguns poucos passos, entramos diretamente na Sala e caímos no mundo dos sonhos musicais...já que vivemos mesmo em nossas bolhas!

SUPER ACORDE: Miguel Proença, além de diretor da Sala Cecília Meireles, é o intérprete da “Coletânea Piano Brasileiro”, gravada em sete volumes e lançada pela Biscoito Fino em 2005. Trata-se de uma preciosidade, com músicas jamais gravadas antes e numa das melhores execuções de música brasileira para piano que ouvi recentemente, cheia de sutilezas e com fraseado impecável. Mais informações sobre a coletânea no site da Tratore: https://www.tratore.com.br/um_artista.php?id=23623

CONCERTOS DESTA SEMANA NA SALA CECÍLIA MEIRELLES: Hoje: Homenagem aos 100 anos de Bernstein e aos 90 de Edino Krieger. Orquestra Sinfônica de Barra Mansa. Marcos Arakaki, regente. Amanhã: Duo de pianos com Guigla Katsavara e Ney Fialkow. Obras de Shostakovich, Rachmaninov, Ravel e Guastavino. Sábado: Peter Steiner, um dos melhores trombonistas de sua geração, acompanhado da OSB. Domingo: A Sala faz concerto matinal às 11h com o trombonista Peter Steiner.

ACORDE MAIOR: Segunda-feira (dia 20): também na Sala, encerramento do Rio Cello 2018 com os melhores momentos do festival. Dezenas de músicos homenageiam Debussy, Bernstein e Villa-Lobos, entre outros. Terça-feira: A Orquestra Solistas do Rio de Janeiro, sob a regência de Rafael Barros Castro e solistas convidados (Alma Thomas, voz, Blás Rivera, Carlos Malta, saxofones, David Chew, violoncelo e Thiago Trajano, guitarra) prestam homenagem a clássicos do jazz com arranjos feitos especialmente para esse concerto.

                                                         _________________________

DISSONÂNCIA: Vânia Dantas Leite (1945- 2018), uma das mais instigantes compositoras brasileiras da música eletroacústica no Brasil, excelente pianista e professora da Unirio até 2012. Nas palavras da amiga e compositora Jocy de Oliveira: “Uma grande perda. Ela viveu para seu ofício de musicista, compositora e mestra, contribuindo muito com seu talento e ensinamentos”.

Tags:

m?sica