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Streaming alavanca receita da indústria fonográfica mundial

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Nesta coluna já escrevi sobre streamings de vídeo e jogos eletrônicos. Hoje chegou a vez de comentar sobre a categoria que mais tem se beneficiado da tecnologia: a musical. Esta semana, a IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica), organização que representa os interesses de mais de 1.300 empresas da área em 57 países, publicou o Global Music Report 2019, relatório que mostra como foi o ano de 2018 do setor em todo o mundo. E as notícias são muito boas. Ano passado, as receitas aumentaram 9,7% em relação a 2017, atingindo US$19,1 bilhões, o quarto ano consecutivo de crescimento e a maior taxa desde que a IFPI começou a monitorar o mercado, em 1997.

O principal responsável pelo resultado positivo foi o segmento de streaming pago. Este cresceu 32,9% e agora representa 37% da receita total da indústria. Ao final de 2018, 255 milhões de pessoas possuíam uma assinatura mensal de alguma das empresas que oferecem o serviço. Apesar do relatório não discriminar os números por companhia, o Spotify tem a liderança disparada, com 96 milhões de assinantes no quarto trimestre do ano passado. Em seguida, vem a Apple Music, que de acordo com estimativas tem mais de 50 milhões de assinantes, apesar de não haver uma distinção entre pagos e gratuitos. O site Statista afirma que Amazon Prime Music, Tencent Music e Deezer completam o Top 5.

Os números acima já são impressionantes, mas, se somarmos com os serviços gratuitos, financiados por publicidade (o que em inglês é chamado de ad-supported), eles ficam ainda melhores. Os serviços gratuitos contribuíram com 10% da receita, ou seja, em 2018 o streaming como um todo representou 47% do faturamento total da indústria ou US$8,9 bilhões. Como o segmento vem crescendo a passos largos nos últimos anos – em 2014 a receita foi de US$1,9 bilhão – é muito provável que em 2019 ele seja responsável por mais da metade do faturamento do mercado fonográfico. Vale ressaltar a grande rapidez desta revolução: a tecnologia é comercializada há pouco mais de 10 anos.

O Spotify, por exemplo, começou em 2008; a Apple Music apenas em 2015. Trata-se de um grande alívio para a indústria, que viu sua receita cair seguidamente de 2001 (US$23,9 bilhões) a 2014 (US$14,3 bilhões), queda esta impulsionada pela drástica diminuição das vendas físicas de CDs e outras

mídias.

O mercado, que sempre culpou o advento de plataformas digitais pelos seus problemas, agora não tem do que reclamar. As receitas digitais (que somam streaming e downloads) cresceram 21,1% em 2018, alcançando US$11,2 bilhões, a primeira vez que a marca de US$10 bilhões é ultrapassada pela categoria, mesmo com os downloads caindo 21,2% no período. O montante representa 58,9% do faturamento global e mais da metade do faturamento em 38 países. Este aumento contrabalanceou a queda de vendas físicas (-10,1% ano passado), que agora correspondem a apenas 24,7% da receita total – em 2001 a fatia era de incríveis 97,5%. A América Latina teve grande participação no excelente resultado da indústria fonográfica em 2018. Foi a região com a maior taxa de crescimento (16,8%) pelo quarto ano seguido, deixando

para trás América do Norte (14%) e Ásia e Oceania (11,7%).

Apesar de quedas consideráveis em vendas físicas (-37,8%) e downloads (-45%), o aumento substancial em streaming (39,3%) mais do que compensou. O Brasil também foi muito importante, com crescimento de 15,4%, o segundo maior da região, atrás apenas do Chile (16,3%). Nosso país, aliás, é o décimo maior mercado da música em todo o mundo e, entre as nações que compõem o Top 10, foi quem apresentou o maior aumento em receitas digitais, com 38,5%. Jesús López, CEO e Chairman da Universal Music na América Latina, citou o Brasil como tendo um “incrível potencial de exportação de música”. Infelizmente as empresas de streaming não liberam o número de assinantes por países, então não conseguimos saber exatamente quantas pessoas pagam pelo serviço por aqui. Mas os dados apresentados pelo GMR 2019 mostram que certamente é um segmento que está ganhando bastante espaço. Se você quiser ler o relatório completo, o link é este aqui – o mesmo encontra-se em inglês.