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O emocionante diálogo de Alfredo Rodriguez

alfredo -
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Ao passar dos anos, a música cubana vem desbravando os horizontes jazzísticos e ganhando uma legião de seguidores por todo o planeta. A fusão dos tradicionais ritmos do país com a música moderna atual já é uma comprovada receita de sucesso. Uma característica da maioria desses trabalhos é a formação composta por muitos músicos e uma grande variedade de instrumentos, as denominadas "big bands". Como admirador dos clássicos duos, trios e quartetos, me intrigava o bom funcionamento do som cubano em formações mais intimistas. Foi quando Alfredo Rodrigues e Pedrito Martinez deram vida e voz à minha teoria, lançando o disco "Duologue" (Mack Avenue Records), na última sexta-feira.

Alfredo Rodriguez nasceu em Cuba, em uma família musical, já que seu pai era um popular cantor, além de apresentador de TV. Quando criança, ele estudou piano clássico em algumas das melhores instituições musicais de seu país, enquanto tocava música popular na orquestra de seu pai à noite. Foi descoberto pela lenda Quincy Jones em 2006, apresentando-se no festival de jazz de Montreux, e, desde então, já teve quatro álbuns lançados.

Pedrito Martinez é um baterista e cantor que aprendeu o seu ofício nas ruas do bairro de Cayo Hueso, em Havana Velha, antes de ir para os Estados Unidos e se estabelecer em Nova York. Ele é membro fundador da banda Yerba Buena e parte do programa Nuevo Jazz Latino de Jazz no Lincoln Center. Seu álbum solo de 2016, Habano Dreams (Motéma Music), contou com participações de peso, como Wynton Marsalis e John Scofield.

Macaque in the trees
22222222222222222 (Foto: Reprodução)

Rodriguez e Martinez trabalharam juntos pela primeira vez no álbum de 2014 de Rodriguez, "The Invasion Parade" (Mack Avenue Records), achando que tinham muito em comum, apesar de suas diferentes origens musicais. Em "Duologue", eles chegaram ao ápice desta parceria.

Os músicos estabeleceram sua posição em uma cena musical cubana com raízes na África Ocidental. Eles combinam seus impressionantes talentos musicais, demonstrando como estas tradições podem ser flexíveis quando combinadas com músicos visionários e um espírito inovador aparentemente ilimitado.

"Africa", a faixa de abertura, define o tom do álbum com sua homenagem consciente, mas interessante, às raízes de sua música. O disco passeia ainda por releituras excêntricas, como o caso de "Super Mario Bros 3", acelerado no Fender Rhodes de Rodriguez, ou então na excelente versão de "Thriller" (épico sucesso de Michael Jackson), em uma versão com a dose certa da rumba afro-cubana, que te faz dançar de uma forma diferente da versão original do rei do pop.

Claro que não faltam espaços para as tradicionais músicas cubanas como "Mariposa" e "Yo volveré" (essa última com ótimo vocal de Martinez)."Duologue", faixa-título do álbum, ganhou minha preferência, totalmente instrumental, com os limites certos da dupla para demonstrar o intimismo de seu som, mas sem esquecer das tradições e ritmos que permeiam todo o trabalho.

Alfredo Rodriguez foi recentemente eleito um dos dez músicos a serem observados em 2019. Sob a batuta de Quincy Jones, seguirá desbravando o universo do jazz e nos presenteando com sonoridades cada vez melhores. No "Dialogo" com Pedrito Martinez, ele comprova a ótima "teoria" de que não existem tipos de música: Ou ela é boa, ou ruim.

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