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Os caminhos de Joe Lovano

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Os caminhos de Joe Lovano
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Janeiro está chegando ao fim e os primeiros discos do ano finalmente começam a surgir. Apesar da ótima variedade de sons disponíveis, nada prendeu mais a minha atenção do que Joe Lovano e seu saxofone em "Trio tapestry" (2019 - ECM), o mais recente álbum do artista, lançado na última sexta-feira.

Curiosamente, é o primeiro que Lovano lança pela ECM, embora faça parte do universo da gravadora há mais de 35 anos, com diversos trabalhos do baterista Paul Motian, entre outras participações. O álbum apresenta uma nova banda, formada com a pianista Marilyn Crispell e o baterista Carmen Castaldi, este amigo de Lovano desde os tempos da escola de música de Berklee.

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Os caminhos de Joe Lovano (Foto: reprodução)

As onze faixas, elaboradas em doze tons (ao invés de uma série de melodias), revelam uma interessante química entre os músicos, em que todos adotam postura democrática, com contribuições intensas do baterista e da pianista para compor o marcante sax de Lovano, resultando em um som íntimo e tranquilizante.

"One time in" abre o disco com diálogo entre um saxofone fúnebre e a percussão com pratos e gongos, cheios de mistérios e tons sombrios. Na sequência, "Seeds of change" ganha minha preferência, com sua balada lamentosa, mas encantadoramente melódica, destas que simbolizam o jazz da forma mais quente e aconchegante possível. "Sparkle lights" começa com o duo de piano e sax, frases baixas e vazias, para que o trio reassuma de forma harmônica, sem perder o clima gélido.

Na sequência, a faixa "Mystic" traz novamente o mood sombrio e enigmático predominante, fugindo de um tema simplório e para potencializar o espaço ao redor da banda. "The smilling dog" traz claras referências a Ornette Coleman, com Lovano rugindo seu saxofone num estilo free jazz. Por fim, mas com menos importância, "Rare beauty", faixa que também ficou no topo das minhas preferências, provoca um desafio melódico entre um jazz tradicional e um jazz mais "livre", sem perder a sensação de quietude e sutileza que permeia todo o disco.

Aos 66 anos e uma carreira repleta de prêmios, seja como líder ou sideman, Lovano disse, no lançamento de "Trio tapestry", que "essa gravação é uma declaração de onde eu estou, onde estive e para onde posso estar indo". Aonde quer que esteja, os caminhos deste mestre da música sempre trarão ótimos sons aos amantes do jazz.

BEBOP

Emanon Finalmente foi liberado nas plataformas digitais o último disco do saxofonista Wayne Shorter, "Emanon". O álbum duplo foi lançado em setembro do ano passado e a previsão inicial era deixá-lo de fora do streaming por um ano. Pelo visto, nem mesmo o mestre do saxofone conseguiu resistir aos poderes do mundo digital. Os fãs agradecem.

Michel Legrand A coluna presta sua homenagem ao incrível ao pianista e compositor Michel Legrand, que faleceu no último sábado, aos 86 anos. Legrand foi um dos grandes nomes da música contemporânea, vencedor de três Oscar e cinco Grammy.

Projeto CriaO jornalista Leonardo Lichote convida o cantor João Bosco para o projeto "Cria", que acontece hoje no Manouche, clube intimista no subsolo da Casa Camolese, às 21h.

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ECM | jazz | Joe Levano | m?sica