Flores têm encantos inegáveis. Casas velhas, também. Rosas, cravos, tulipas podem virar obras de arte em mãos de quem sabe criar arranjos tão tradicionais quanto os ingleses ou tão misteriosos quanto os orientais.

Quanto às casas antigas, aparentemente inabitáveis _ mas com a estrutura funcionando melhor do que muito apartamento dos anos 1980 _ são sonhos de recuperação de arquitetos.

Esta dupla de encantos fica mais do que comprovada em uma casa em plena Gávea. Depois de seis meses de obras, que revelaram paredes de tijolinhos, janelas de madeira por baixo de muitas camadas de tinta, uma escada perfeita, se transformou no abrigo de uma...florista!

Dividindo o espaço com a irmã, Tati Magalhães, autora de coleções estilo easy chic disputadas pelas cariocas antenadas, que disputam os longos versáteis (preços a partir dos R$ 800), Carol Magalhães ocupa várias salas com seus vasos de flores pesquisadas nas madrugadas de quinta-feira na Cadeg (Centro de Abastecimento do Estado da Guanabara). Todos os ambientes têm a mão de bom gosto da Giselle Barreto, cenógrafa da Casa Vida Cenário. Detalhe: todos os móveis são garimpados ou pertenciam às casas da família, desde a imponente mesa Saarinen até os pequenos gaveteiros e escrivaninhas.

Falar de flores 

Da busca às quatro e meia da manhã Carol traz orquídeas diferentes, copos-de-leite, algumas espécies de rosas (a rosa Ashley, a Garden Rose, por exemplo), até flor de lótus e as sementes peludas de urucum. “As folhagens altas e baixas completam os arranjos. E os pedidos, se possível, devem ser feitos com pelo menos 48 horas de antecedência, para dar tempo de uma visita técnica, que permite o planejamento”, diz Carol, que deixou a advocacia há cinco anos para estudar e se dedicar às flores. Tem uma carteira de clientes, incluindo lojas, eventos, casas. Já fez assinaturas, que recebiam novos arranjos periodicamente, mas parou com o sistema. “Me prendiam muito, atrapalhavam os eventos, as viagens”. Outra venda é para quem quer presentear com sugestões tão diferentes quanto um buquê de Erigyun, uma das favoritas da Carol.

Quanto às peônias, tão em moda no hemisfério Norte e na Ásia, aqui no Brasil são raras e caras. “Meia dúzia de peônias pequenas custam para mim, no atacado, R$ 200, e duram pouco. O mesmo problema de duração acontece com as tulipas, tão lindas, mas frágeis. São perfeitas para eventos. Mas aviso ao cliente que elas praticamente duram um dia, em média”.

Aprendizado

Muito estudo, muitas viagens em busca de conhecimento são divididas por Carol em workshops que viram encontros de um dia inteiro aprendendo o básico e opções mais avançadas, sempre com as alunas criando seus próprios arranjos. As datas são avisadas pelas mídias sociais, são poucos lugares em torno da mesa do ateliê. O próximo workshop deverá ser no dia 19, com o talento da chef Daniela Farah, do L'Atelier Dan-Dan nas pausas das aulas.

O trio Carol, Tati e Dani trabalha feliz na linda casa com falsos azulejos na cozinha, pintados à mão e dezenas de pendentes com folhagens por todos os tetos, em constante mudanças de lugar, em busca de luz do sol para permitir a fotossíntese. É o encanto da Natureza na bela casa da Gávea.
Querem saber a agenda dos workshops? O instagram é @carolmagalhaesatelie