Os estúdios têm agendas livres, os rebatedores prateados estão guardados em lugares fechados, as câmeras a salvo do mofo. Aparentemente, atualmente o universo das produções de moda está limitado ao shooting com smartphone, sem maiores preocupações com acabamentos.

Para a volta ao normal possível

Video de California Love, do coreano Dong Hae com dançarinas de máscara (reprodução YouTube)

Se as produtoras de TV e séries se esforçam para gravar e produzir novelas e episódios durante este período de restrições – basta ver o vídeo de California Love, do coreano Dong Hae, com o coro de dança todo de máscara – há a certeza de que vamos voltar ao trabalho de imagens de moda com alta qualidade. Esta é a proposta cheia de esperanças do livro Estética da Moda – styling & produção, das autoras Lu Catoira e Cristina Seixas. Ambas circulam neste trabalho de selecionar peças, carregar sacolas, escolher modelos, fotógrafos, muitas vezes ir até a edição final das fotos e textos. A experiência da dupla de pelo menos 40 anos está explicada e esmiuçada em detalhes nas 228 páginas, com capa pelo Marcio Madeira, fotógrafo brasileiro baseado em Paris desde os anos 1980, que costuma vir ao Brasil para as semanas de moda – na capa, um detalhe de um desfile do Lino Villaventura.

 Quem pretende entrar na área de produção encontra no livro todos os protocolos e passo a passo de cada tipo de objetivo, desde ensaios de moda até os truques do styling. Profissionais de todos os setores (fotógrafos, editores, os indispensáveis da beleza, produtores) têm direito a pequenos depoimentos. Um dos meus favoritos é da fotógrafa Nana Moraes (filha do perfeccionista José Antonio Moraes, que fazia todas as mulheres lindas nas fotos). Ela diz: “Gosto de fotografar moda com olhar de jornalista, me interessa muito de que maneira a moda influi no comportamento das pessoas”. Concordo ipsis litteris.
Lu e Cristina e a editora Cândido presenteiam a moda com este livro, obrigatório nas estantes de quem gosta da arte de transformar roupas e acessórios em obras que transformam a vida das pessoas.

Para agora e o futuro

Yamê Reis pode ser desconhecida do grande público, mas tem um currículo pessoal e profissional competente: foi casada com Fernando Gabeira, é mãe da super surfista Maya, a das ondas gigantes e atualmente atua na área de sustentabilidade e proteção do planeta. Principalmente focada na moda, porque a experiência profissional inclui brilhantes passagens pela Cantão, Totem, Le Lis Blanc, sempre buscando apresentar coleções com jeans orgânicos, tecidos de hemp, até fundar o evento Rio Ethical Fashion, maior fórum de moda sustentável da América Latina. Como mestra em Sociologia Política e designer, lança agora o livro O agronegócio do Algodão – meio ambiente e sustentabilidade, onde revela uma abordagem inesperada e surpreendente sobre como os ecossistemas do algodão e as mudanças climáticas interferem neste modelo de produção. ““Espero que esse livro desperte o debate sobre o algodão que nos veste, que nos conforta e aquece, mas que hoje produz impactos socioambientais ao longo da sua cadeia produtiva que precisam ser enfrentados com coragem e determinação. O Brasil é o segundo maior exportador global de algodão, mas precisa se dissociar da indústria química que o transformou no maior consumidor mundial de agrotóxicos, intoxicando o solo, os rios, os agricultores e destruindo a nossa rica biodiversidade”, diz Yamê.

São dois livros importantes neste momento de espera.

Estética da Moda – styling & produção, de Cristina Seixas e Lu Catoira tem 228 páginas, editado pela Cândido, custa R$132. Está à venda na Blooks e Travessa

Agronegócio do Negócio: meio ambiente e sustentabilidade, de Yamê Reis tem 170 páginas, custa R$ 49. Está à venda no link.