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Surpresas nas semanas de desfiles

A beleza das coleções é uma garantia de despertar a cobiça das consumidoras

JB -
Iesa Rodrigues
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O verão de 2021, que será no meio do ano que vem no hemisfério norte (ao contrário do nosso inverno) é um mistério. As vacinas estarão prontas, liberando a humanidade da quarentena? As flexibilizações prometem abrir cinemas (com direito a pipoca), permitir um tempo na praia, até abraços e beijos, quem sabe?

Com este otimismo em mente, realizam-se as principais semanas de moda internacionais. O otimismo se refere às possibilidades de venda das peças, que precisariam de um objetivo para serem compradas. Como sair de casa, no mínimo, para exibir seus looks novos.

Macaque in the trees
A manifestante do movimento Extinction Rebellion agitou o final da Dior (Foto: Foto: reprodução)

Quase normais
A beleza das coleções é uma garantia de despertar a cobiça das consumidoras. Logo no primeiro dia, Maria Grazia Chiuri deslumbrou na Dior com o aproveitamento de trabalhos artesanais, como o ikat e o tricô, conjuntos em geral longos, lindos, sem ranço de parecerem ligados a conservadorismos. “São ótimos para o Zoom”, comentou bem-humorada a designer italiana, que tinha plateia presente e mandou convites para live.

Em Milão, point que sempre perde para Paris em matéria de espetáculo, a semana já valeu por pelo menos duas apresentações. A primeira, da grife Valentino, assinada por Pierpaolo Piccioli. Em um galpão de uma antiga fundição, mostrou um longo desfile com plateia em apenas duas filas de banquinhos com distanciamento, todos de máscara (pelo menos o que deu para ver na live). Pelo formato e o roteiro das modelos que circularam por todo o espaço, lembrou muito o evento RioModaRio, criado por Carlos Tufvesson nos galpões do Porto, durante o tempo de prefeitura de Eduardo Paes. Em matéria de moda, Pierpaolo não decepciona: longos de chiffon _ em pink, verde, laranja, só um dos últimos no vermelho Valentino _ camisões de renda e vazados, estampas florais grandes em camisas e bermudas masculinas. Segundo o diretor de criação, “é uma coleção na maior parte sem gênero”. Seja o que for, uma criação muito bonita, ao som de músicos do Labrinth e o cantor Zendaya em palquinho central baixo.

Outra atração surpreendente foi a apresentação da grife Moschino, assinada pelo belga Olivier Theyskens. A solução para os protocolos sanitários foi inesquecível: tanto as modelos como a plateia eram bonecas! Manipulados por fios de nylon marionetes articulados se deslocavam, vestindo os looks em geral de tons dourados. A primeira fila incluía até uma Anna Wintour boneca, de escarpin e o cabelo impecável de sempre. Theysken brincou, declarando “não falo italiano, mas falo Moschino!”, mostrando sua paixão pela marca.

Conceitual ou minimalista
Nem tudo pode ser sensacional. Apesar de muito prática, simples e quase básica, a primeira collab de Miuccia Prada com Raf Simons tirou muito do carisma da Prada. Famosa por romper conceitos de feio/bonito e de desprezar tendências, Miuccia confiou no minimalista belga e perdeu muito de suas características de estilo. Pode ser uma estratégia de vender mais, com roupas sem formas definidas, curtas, em cores únicas. Mais fácil de convencer do que as propostas conceituais da própria Miuccia. De acordo com ela, foi o vídeo mais visto da marca. Já é um sinal de atenção, vamos ver o resultado comercial da parceria.

Mas a maior surpresa do início da semana foi a aparição de uma adepta do movimento Extinction Rebellion, no final da Dior. Disfarçada no meio das modelos que encerravam o show, a manifestante carregava uma faixa com os dizeres “somos todas vítimas da moda”. E boa parte da plateia achou que fazia parte do desfile, segundo comentários da imprensa europeia.

Macaque in the trees
Looks longos ou de calças largas ostentavam trabalhos de ikat, na Dior (Foto: Foto: divulgação)

Macaque in the trees
O casaco da grife Moschino é maravilhoso, mas o melhor é a modelo que fez parte do elenco de marionetes (Foto: Foto: divulgação)

Macaque in the trees
Cena do desfile Valentino, em galpão de fundição desativada, em Milão (Foto: Foto: reprodução live)

Foto: reprodução - A manifestante do movimento Extinction Rebellion agitou o final da Dior
Foto: divulgação - Looks longos ou de calças largas ostentavam trabalhos de ikat, na Dior
Foto: divulgação - O casaco da grife Moschino é maravilhoso, mas o melhor é a modelo que fez parte do elenco de marionetes
Foto: reprodução live - Cena do desfile Valentino, em galpão de fundição desativada, em Milão