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DESOLAÇÃO RUBRO-NEGRA

Reprodução -
Depois de três meses em Lisboa, o desembargador Luís Felipe Francisco e sua bela mulher Isabela, artista plástica, estão de volta à agenda social do Rio
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Os profundos sentimentos desta coluna pela morte trágica, ontem, dos meninos jogadores da base do Flamengo e dos funcionários. Uma calamidade que, mais do que entristece, revolta.

FLAMENGO TRISTE

O que choca na tragédia de ontem, além da morte de tantos meninos, é o fato de o dormitório ser um contêiner, conforme informou repórter da TV Globo. Esse tipo de equipamento, vocês sabem, é de lata, e não costuma ter janelas, a não ser o vão para o ar refrigerado, o que, se for fato, pode ter potencializado o aquecimento pelo fogo. Uma panela com tampa.

VENTOS DA DEMOCRACIA

A tempestade de quarta-feira foi democrática, atingindo os gregos e os troianos, os pobres e os bacanas.... Na cobertura de Nazareth e Oskar Metsavaht, no Arpoador, o teto voou e foi parar na casa do vizinho. No apartamento de Giovanna Deodato, na Rua Rodolfo Dantas, o vento levou o aguaceiro para dentro do salão e arrasou com o piso. A casa de Mucki Botkay Bahia a-ca-bou!

CARNAVAL PELO RALO

A chuvarada de quarta segue causando problemas. Os desfiles de blocos de rua, previstos para acontecer na quinta, ontem e hoje, foram cancelados. A agenda de desfiles de blocos do pré-carnaval previa sete desfiles neste fim de semana. A Riotur estuda a possibilidade de reagendá-los.

A ESCOLHA DE BAGUEIRA

Mantida, pelo TRE, a prisão do deputado estadual Anderson Alexandre, pôs-se uma escolha de Sofia para o segundo suplente da coligação, Paulo Bagueira, que atualmente preside a Câmara Municipal de Niterói e é prefeito interino do município. Como o primeiro suplente, deputado Marcus Vinícius Neskau, também está preso, Bagueira é o próximo nome da lista! Se ele assumir a cadeira de deputado estadual, Niterói ficará prefeito outra vez.

NO CONGRESSO

Deu um tilt ontem (na minha cabeça!) e saiu na coluna que o senador franco-brasileiro Jean Paul Prates, PT, "tomou posse no -Rio Grande do Norte". Claro que a posse foi no Congresso, e Prates já se reuniu com o embaixador da França no Brasil, Michel Miraillet, para montar uma agenda de trabalho e cooperação com os dois países.

JANTAR CULTO

A Academia Brasileira de Arte se reúne semana que vem para o jantar anual de confraternização oferecido por sua presidente, Heloísa Aleixo Lustosa, em casa da filha, Eliane Lustosa, a economista colecionadora de arte brasileira.

LIBERDADE ABRE OS CABELOS SOBRE NÓS!

Projeto de Lei da deputada Renata Souza proíbe o corte compulsório de cabelo e/ou barba e/ou bigode das pessoas custodiadas no sistema penitenciário. Para ela, o cabelo ou a barba são traços característicos da personalidade do indivíduo, e o Estado não tem o direito de violar sua personalidade. Mas o objetivo principal da deputada é provocar a reflexão sobre as condições dos presos no Rio de Janeiro.

PODEROSA

Com mais de 800 mil seguidores na rede, Gabi Oliveira, responsável pelo canal "Depretas", no Youtube, fará palestra sobre racismo na Universidade de Harvard.

ARENA EVANGÉLICA

Depois do sucesso do longa "Nada a perder", sobre o pastor Edir Macedo, a Igreja Católica contra-ataca com o livro "O poder oculto", do padre Reginaldo Manzotti, sobre o poder da evangelização e do clero. Sacerdote, escritor, músico, cantor, compositor, apresentador de TV, Manzotti é também escritor, com 4,7 milhões de livros vendidos.

O Congresso do Andes, que reúne os professores e responsáveis pelas instituições de ensino superior, decidiu que as próximas diretorias da entidade deverão ter no mínimo 50% de mulheres. Êta nós!

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A Universidade é para todos, diferentemente do cargo de Ministro

A declaração do atual Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, de que "A ideia de universidade para todos não existe" gerou grande polêmica na última semana. A todos de bom senso, parecia inacreditável ouvir, de uma autoridade pública, que a universidade deve ser restrita a uma seleta parcela da população, que talvez possa se tornar apta a ingressar na elite intelectual do Brasil.

Macaque in the trees
Simone Santana (Foto: Reprodução)

Infelizmente, tal conceito não carrega em si nada de inédito. Um sentimento semelhante pode ser visto num manuscrito datado de 1670, arquivado na Torre do Tombo de Lisboa, contendo a resposta da Coroa Portuguesa ao então Procurador do Estado do Brasil, que pleiteava conferir merecidamente, o status de Universidade ao Colégio da Bahia. No referido documento, a Mesa da Consciência e Ordens, uma espécie de Tribunal Régio do século XVII, negava a criação da primeira Universidade ao Brasil, apesar de diversas evidências de sua viabilidade, alegando que os luso-brasileiros tinham como missão a manutenção de seus campos, e justificava: "porque, se eles, não tendo outra coisa em que se ocuparem, o não fazem agora, muito menos o farão entretidos com o exercício mais suave dos estudos".

Em função das restrições impostas à colônia, o ensino na América Portuguesa foi possível a poucos brasílicos endinheirados que buscavam a formação universitária na Europa; assim, até que os primeiros desprivilegiados pudessem produzir relatos escritos de sua realidade social e a contínua resistência de seu povo, um vasto acervo havia sido produzido de forma viciosa, divulgando a existência de um Brasil exuberante, tanto quanto, ignorante. Como resultado, a população nascida distante do poder imperial ficava inevitavelmente fadada ao papel servil que a história lhe reservou, lutando contra séculos de obscurantismo.

Parece-nos que o engenheiro colombiano Vélez Rodríguez, que se encontra como Ministro da Educação do Brasil, revive o espírito de dominação colonial, ausentando-se da responsabilidade de defender e estimular o desenvolvimento de competências cognitivas locais. Ora, promover a superação intelectual dos cidadãos é dever do Estado, não é ele quem dirá até onde o jovem pode ir! Não podemos concordar com a conservadora distinção entre brasílicos de 1ª e 2ª classe, fortalecendo mais uma vez, as fronteiras intelectuais em nossa sociedade.

Vejam bem, o avanço científico e tecnológico de um país não é indiferente ao modelo de sociedade em que ele está inserido, fato que podemos constatar se olharmos para a formação histórica da Educação em nosso país. As primeiras instituições formais de ensino superior for am implantadas somente com a chegada da Coroa portuguesa ao Brasil em 1808, transpondo as armadilhas do poder centralizador e burocrático para a sua maior colônia. A universidade tardia, criada somente no século XX (quase um século após a nossa independência), limitou fortemente a institucionalização do ensino brasileiro, seja por meio de um sistema educacional restritivo, pelo controle à difusão de novas ideias e práticas ou pelas duras restrições de acesso ao conhecimento. Darcy Ribeiro dizia que a "A crise da educação no Brasil não é uma crise, é um projeto" referindo-se às falhas do Ensino enquanto estratégia de controle e consequente elitização do conhecimento.

Assim, construímos uma sociedade com enormes e intransponíveis desigualdades, seja na distribuição de rendas ou na distribuição do conhecimento. Lamentavelmente fomos testemunhas, muitas vezes silenciosas, de uma enorme violência histórica que se manteve dividindo o Brasil de forma determinante, tendo o conhecimento como agente deste mecanismo. Muito recentemente, uma mudança parecia ser desenhada e, então, pudemos ver com os governos democráticos algumas políticas de Estado que foram fundamentais para o engrandecimento da educação, ciência e cultura no país, embora ainda estejamos distantes das métricas mais otimistas.

Um longo caminho separa da realidade atual as primeiras atividades científicas realizadas pela elite de brasílicos colonos de 1ª linha (como José Bonifácio e Alexandre Ferreira), quando contamos com aproximadamente 2.500 instituições de ensino superior e uma comunidade científica composta por mais de 200.000 pesquisadores brasileiros, alcançando seu espaço num universo de quase 8.000.000 de pesquisadores ativos no mundo, segundo dados da UNESCO.

Precisamos que os jovens resistam ao estigma do brasílico ignorante de 2ª linha e se percebam como co-responsáveis pela formação de um país menos desigual, pois, diferentemente do que ouvem do poder executivo, eles podem alcançar qualquer degrau, sem que o Estado os coloque numa caixa. Ao mesmo tempo, precisamos que a Academia se manifeste, que seja intolerante com a alienação da população e ocupe o lugar que compete a ela, assumindo a liderança nas discussões de políticas educacionais e científicas adequadas.

Afinal, como diria nosso cientista do século XVIII, José Bonifácio de Andrada e Silva, membro da elite intelectual do Império: "A verdade muda introduz a tirania". Façamos a nossa parte!

Simone Santana Rodrigues Elias

Cidadã brasileira, doutoranda em História das Ciência e Ensino Científico na Universidade de Coimbra e Universidade de Aveiro.