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Bendita Geni

Ricardo de Vicq/Prêmio Glaphis Platinum 2018 -
A foto lindíssima, da série Waternity, é do carioca Ricardo de Vicq, vencedor do prêmio Platinum 2018, da Graphis, das mais importantes revistas do mundo fotográfico. Ricardo iniciou a carreira quando estudou com Ivan Serpa, no MAM Rio, nos anos 60. Ele soma prêmios no Festival de Cannes, NY Festival e London International Advertising Awards.
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BENDITA GENI!

Lula é a Geni nacional. Ele é feito pra apanhar, ele é feito pra cuspir. Depois de a Lei de Execução Penal ser solenemente ignorada pelos juízes executores de sua pena, e de a PF, subordinada a Moro, negar autorização para Lula ir ao velório de seu irmão, o STF, via Toffoli, emitiu autorização capenga, o obrigando a ir a uma instalação militar, onde o corpo do morto faria escala antes de seguir para a cova. Um “vale tudo” para não se cumprir a lei e negar a Lula a cidadania a que todos os brasileiros têm direito. Faz pensar que o Brasil gira em torno de Lula. Ele é o Sol, e os satélites são o Judiciário, a Polícia Federal, o Ministro da Justiça e alguns veículos da mídia e sites, que, não fosse Lula, já teriam perdido o sentido de existir. Bendita Geni!

INOVAÇÃO

... e como bem falou Humberto Costa: “É a primeira decisão judicial da história em que se determina a um morto que vá ao encontro de um vivo que quer se despedir dele. O Brasil, realmente, está inovando em matéria de Direito.”

Macaque in the trees
A foto lindíssima, da série Waternity, é do carioca Ricardo de Vicq, vencedor do prêmio Platinum 2018, da Graphis, das mais importantes revistas do mundo fotográfico. Ricardo iniciou a carreira quando estudou com Ivan Serpa, no MAM Rio, nos anos 60. Ele soma prêmios no Festival de Cannes, NY Festival e London International Advertising Awards. (Foto: Ricardo de Vicq/Prêmio Glaphis Platinum 2018)

ENTRAVES PARA TURISMO NO BRASIL

Divulgado ontem pelo site de viagem Wegoplaces, dos mais famosos da Inglaterra, um estudo que classifica o Brasil entre os países mais perigosos do mundo para pessoas que viajam sozinhas e nos coloca no “risco vermelho”, ao lado de Etiópia e Afeganistão. O site faz menção ao rompimento súbito de represas, à intervenção militar no Rio de Janeiro, aos altos índices de violência, tráfico de drogas, fraudes e clonagens de cartões de crédito. Sobre visitar favelas: “nem em pacotes turísticos”. O risco seriam as picadas por mosquitos de febre amarela, dengue, Chikungunya e Zika. Os dados foram colhidos junto ao Gabinete de Comunidades Estrangeiras do Reino Unido.

FAVORITA OU NÃO?

Preocupada com a zorra durante o carnaval, a Amacopa articulou um encontro de moradores de Copacabana com o presidente da Riotur, Marcelo Alves. Ele garantiu que o bloco “A Favorita” não vai mais sair pela Av. Atlântica. O desfile deverá ser no Centro. Receosa de que liminares da Justiça garantam o desfile do bloco na orla, a entidade está em contato direto com o MP e o TJ. Eu pessoalmente amo ver da janela “A Favorita” passar, com gente bonita e sacudida.

PSOL BRAVO

Xiii, o PSOL entrou ontem com ações judiciais em várias direções: contra Lobão, Eduardo Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, a blogueira Regina Villela, Antonio Carlos Bronzeri e o próprio Google. O partido quer punição aos que difundiram mentiras e discursos de ódio contra Jean Wyllys, sobretudo após sua decisão de sair do país por conta de ameaças. Além de indenizações por danos morais, o partido requer ao Google que retire da plataforma as mentiras sobre Wyllys.

A ÁGUIA E O RAPOSO

Fábula da política fluminense. Alexandre Raposo, presidente do DEM-Niterói, postou em suas redes: “Esquerdistas chamam o presidente de Bozo (palhaço). Se eu chamar Benedita de macaca? Jean Willys de viado? Eu serei o quê?”. Teve tanta gente solícita respondendo à indagação, que Raposo apagou a postagem rapidinho e fez outra,explicando: estava “suscitando reflexões”. Mas, outro vereador niteroiense, Leonardo Giordano, ágil como uma águia, replicou em suas redes sociais a prova do crime, devidamente fotografada.

O funeral em que Mamã Grande não foi

Macaque in the trees
A foto do enterro de Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão de Lula, mostra gente modesta, tristeza e uma ausência (Foto: Ricardo Stuckert)

Na novela Os Funerais de Mamã Grande, de Gabriel García Márquez, Mamã Grande foi a soberana absoluta deste mundo, morreu aos 92 anos, com a fama de santa, e a seu funeral compareceram do Presidente da República ao Papa, passando por contrabandistas, prostitutas e camponeses, produtores de arroz e bananeiros. Eram incontáveis os bens terrenos de Mamã Grande, que os herdeiros passaram a disputar avidamente, após a partida do corpo da defunta de sua casa. Eles somavam “a riqueza do subsolo, as águas territoriais, as cores da bandeira, a soberania nacional, os partidos tradicionais, os direitos do homem, as liberdades dos cidadãos, o primeiro magistrado, a segunda instância, o terceiro debate” etc.

O funeral de ontem não foi o de Mamã Grande. Foi o de Vavá, estimado cidadão de São Bernardo do Campo, morador há 40 anos na mesma casa, que modesto viveu, modesto morreu. Esse legado de dignidade, ninguém quis reivindicar ou comentar. O que se disputou vorazmente foi de quem seria o maior vexame. Do Judiciário, da Polícia Federal ou do Ministério da Justiça? Nesse vale tudo, até rasgar a Constituição foi permitido. Em causa, porém, estavam, sim, “a riqueza do subsolo, as águas territoriais, as cores da bandeira, a soberania nacional, os partidos tradicionais, os direitos do homem, as liberdades dos cidadãos, o primeiro magistrado, a segunda instância, o terceiro debate”. A vida imitava a literatura.

O que parecia se pretender, nessa pantomima real e farsesca, era fazer um ser vivo de morto, e tornar seu tesouro legado daqueles sem seus méritos, sem seu brilho, a legitimidade das urnas, a competência e o apreço pelas causas brasileiras.

Gulosa pretensão daqueles que hoje desmandam e mandam, prendem e arrebentam, mentem e desmentem, vão em frente e voltam atrás, nesse país pelo avesso, em que a marcha à ré vai pra frente, o errado virou certo, o herói se tornou vilão e versa-vice.

A respeito, Gabo escreveria novela mais mágica do que toda a sua obra reunida: “O funeral em que Mamã Grande não pôde ir"

                                                                     ***

O Poeta e ensaísta imortal da ABL, Antonio Carlos Secchin, vai discorrer sobre poesia na aula inaugural do Instituto Estação das Letras na Casa de Rui Barbosa, no próximo dia quatro.

Com João Francisco Werneck

Ricardo Stuckert - A foto do enterro de Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão de Lula, mostra gente modesta, tristeza e uma ausência