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Não sobra um, meu irmão...

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Se as investigações da polícia e dos bombeiros forem mesmo pra valer e se estenderem pelo Brasil afora, não vai sobrar pedra sobre pedra e mais de 90% dos locais onde os clubes brasileiros alojam as suas divisões de base serão interditados. No Rio, além do Ministério Público ter proibido menores de idade no Ninho do Urubu, o Botafogo já teve Caio Martins barrado, ontem, e o Fluminense tratou de se adiantar, admitindo que não tem o habite-se de Xerém.

Quem transita no futebol e conhece as instalações onde são normalmente alojados os garotos que sonham se tornar jogadores de futebol sabe bem disso. Acredite se quiser, o malfadado alojamento rubro-negro, no container que pegou fogo e matou dez meninos, ferindo outros três, era dos melhores das divisões de base do Brasil. Sério!

Lembro-me que, logo que Peter Siemsen, assumiu o Flu, jantamos juntos e ele me confessou, horrorizado, ter sentido vergonha ao visitar as instalações de Xerém. De lá pra cá, a partir de ações do próprio Siemsen, muita coisa mudou para melhor. Mas, por algum motivo que, certamente, não é bom, o centro segue sem o habite-se...

Se a tragédia rubro-negra servir para que a fiscalização passe a ser rigorosa nos centros de treinamento (e não somente nos dos jovens), o futebol brasileiro conseguirá extrair algo positivo de um episódio tão negativo. Difícil é acreditar que, passada a comoção pelo incêndio que vitimou tantos meninos, a fiscalização seguirá atenta e os cartolas realmente preocupados em garantir as divisões de base as condições necessárias de segurança.

Infelizmente, o país que viveu o horror de Mariana e não aprendeu nada, chegando à catástrofe de Brumadinho não nos permite otimismo. Só nos resta cobrar e, dentro do possível (os clubes são cada vez mais fechados ao trabalho da imprensa), vigiar. Para que os garotos do Ninho não tenham morrido em vão.

Incógnita

Em condições normais de temperatura e pressão, o Flamengo pisaria o Maracanã, hoje, como favorito para se classificar à final da Taça Guanabara - tem mais time e leva a vantagem do empate. Mas, depois da desgraça no Ninho, é impossível prever os efeitos psicológicos sobre os rubro-negros. Talvez o time se supere, para dedicar a vitória aos meninos, talvez não tenha forças para superar o trauma tão rapidamente.

Além disso, o Fluminense de Fernando Diniz está longe de ser uma galinha morta. Ao contrário, vem de uma goleada na Copa do Brasil e seu ataque com Luciano, Everaldo e Yony Gonzalez tem condições de causar estragos na defesa do Fla. Tomara que o tempo ajude e o Fla-Flu possa honrar sua gloriosa tradição de grandes jogos.