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Sampaoli, gênio ou louco?

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Há alguns anos o nome do técnico argentino Jorge Sampaoli circula no nosso mercado como sonho de consumo de vários clubes. Houve época em que se falou até na possibilidade de convidá-lo para dirigir a seleção brasileira. Quando da reeleição de Eduardo Bandeira de Mello, no Flamengo, em 2015, seu opositor Wallim Vasconcellos chegou a anunciar que tinha um acerto com o treinador, mas como perdeu a eleição (e muita gente nem acreditou na história) ficou o dito pelo não dito.

Em 2019, enfim, teremos Sampaoli por aqui. Foi contratado pelo Santos, que não teve um bom ano e nem sequer disputará a Libertadores. Ainda assim é grande a expectativa pelo seu trabalho, até bem pouco tempo tão incensado, mas, após a Copa da Rússia, já colocado em dúvida por alguns, tamanha foi a confusão que criou em sua passagem no comando da Argentina de Lionel Messi, com quem desenvolveu uma relação, no mínimo, problemática.

Os grandes momentos da carreira de Sampaoli foram, na verdade, no Chile. Por algumas temporadas dirigindo a “La U” (Universidad de Chile) e, por fim, no comando da própria seleção do país, à frente da qual conquistou a Copa América, em 2015. De lá foi para o Valencia, onde não chegou a brilhar, e para a seleção argentina, onde fracassou de forma estrondosa – vários dos jogadores do grupo sequer falavam com ele, na Rússia.

Tomara que o Santos monte agora um time que lhe dê condições de colocar em prática as suas ideias avançadas e o seu futebol extremamente ofensivo. É preciso também que lhe seja garantido tempo suficiente para que tudo se ajeite. Os últimos treinadores estrangeiros que passaram pelos clubes brasileiros não contaram muito com a paciência de nossos dirigentes e torcedores. Dois, três tropeços e, pronto, rua!

Sampaoli merece uma atenção especial. Confesso que seu jeito hiperativo à beira do gramado (não para um segundo sequer, durante os jogos) me deixa sempre na dúvida se ele é mesmo um gênio ou apenas um louco. Talvez, as duas coisas. Mas que conhece muito de futebol e tem conceitos táticos modernos e interessantes não se discute.

Só espero que ele não acabe se tornando mais uma vítima dos estaduais, como já aconteceu com tantos treinadores que chegaram festejados e caíram logo no torneio menos importante do ano. Seria muito bom ver Jorge Sampaoli encarar um Campeonato Brasileiro inteiro e ver no que dá o seu trabalho. Gênio ou louco, ou ambos, ele pode trazer um importante sopro de renovação para o nosso futebol, que parece até aquela música do Cazuza, que fala num “museu de grandes novidades”. Ou o septuagenário Felipão, o mesmo do 7 a 1, não voltou à crista da onda?

Bem-vindo, Jorge Sampaoli!

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