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Parados no tempo e no espaço

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Na entrevista dada após a conquista do título brasileiro, Luiz Felipe Scolari fez questão de rebater uma das críticas mais duras que o acompanhava, desde a humilhação dos 7 a 1, na semifinal da Copa de 2014, no Brasil:

– Não estou ultrapassado! – disparou.

Para o futebol brasileiro, provou que não. Mas quando se vê como estão jogando os principais times europeus, o papo já é outro. Depois do vexame diante dos alemães, no Mineirão, Felipão teve uma passagem (rápida e fracassada) pelo Grêmio e fez muito sucesso no futebol chinês. Saindo de lá, foi descansar em Portugal e, ao que se saiba, na terrinha, não chegou a ser cogitado por algum clube ou seleção da Europa.

Surgiu, então, o convite do milionário Palmeiras e Scolari o aceitou, tendo como principal missão a conquista da Libertadores (título que já ganhou pelo Grêmio, em 95, e pelo próprio Palmeiras, em 99). Este ano, caiu nas semifinais, para o Boca Juniors, mas, graças à boa administração que soube fazer de seu farto elenco, acabou campeão brasileiro.

Seu time é indiscutivelmente competitivo, mas poucas vezes consegue encantar, com um futebol vistoso, algo que não o preocupa nem um pouco.

– Sou um técnico de resultados – disse ainda, na mesma coletiva.

De fato, é. E tem lá seu valor, inegável. Mas é preocupante que, aos 70 anos, continue a ser dos melhores treinadores em atividade por aqui, sem que surjam novos nomes realmente promissores no mercado.

Jair Ventura, Zé Ricardo, Maurício Barbieri, Thiago Larghi, Tiago Nunes etc. Você contrataria algum deles para dirigir o seu clube, se pudesse contar com Scolari? Provavelmente, não. E aí está o grande problema do futebol brasileiro na atualidade.

Estamos parados no tempo e no espaço. A grande novidade tática por aqui é “entregar a bola para o adversário” e jogar em contra-ataques! Ou, então, ficar tocando pra lá e pra cá até alçar cruzamentos altos sobre a área, com pouquíssima objetividade.

Tite, que parecia ser a grande novidade e o homem capaz de levar a seleção brasileira à modernidade, não passou de um blefe sul-americano. Quando confrontado com as equipes europeias revelou toda a sua limitação.

O septuagenário Felipão, quem diria, deu a volta por cima. Menos por méritos dele e mais pela mediocridade que por aqui campeia. Daqui a pouco, não duvidem, já vai ter gente sugerindo sua volta à seleção...

O melhor

Quem é, na minha opinião, o melhor treinador brasileiro na atualidade? Renato Gaúcho. Que, não custa lembrar, também já não é nenhum garoto.

Nos calcanhares de Schumy

No GP de Abu Dhabi, o último do ano, Lewis Hamilton fechou a campanha do pentacampeonato com mais uma vitória, a décima na temporada, alcançando números impressionantes que o colocam em condições de sonhar com todos os recordes de Michael Schumacher, algo até há bem pouco tempo impensável na Fórmula-1.

Schumy venceu seus sete títulos em 19 temporadas nas pistas. Hamilton tem cinco, em 12. Como assinou contrato de mais dois anos com uma Mercedes dominante no circo há cinco, não é pequena a chance de que iguale o número de campeonatos do alemão com menos tempo em atividade. E ainda se comenta que, depois disso, talvez vá para a Ferrari.

O recorde de vitórias, 91 de Michael contra 72 de Lewis, também pode ser alcançado nos próximos dois anos – cada temporada tem 21 GPs. Em 42, o inglês precisaria ganhar 19. Levando-se em consideração que venceu dez vezes em 2018, não dá pra duvidar.

Detalhe: nas pole-positions, Hamilton já é o líder, com folga: já largou 83 vezes em primeiro, contra 68 de Schumacher.

Com um companheiro de equipe incapaz de lhe fazer sombra (Valtteri Bottas nem de longe o desafia, como chegou a fazer Nico Rosberg), o primeiro negro campeão na Fórmula-1 caminha a passos céleres para ser também o maior ganhador de todos os tempos.

A Tamburello impediu que Ayrton Senna quebrasse todos os recordes de sua época. Não deixa de ser um pequeno consolo saber que um fã apaixonado dele está a caminho de realizar o seu sonho.

Em tempo: se Ayrton não tivesse morrido em Imola, aposto que teria, no mínimo, mais três títulos – 94, 96 e 97, temporadas em que a Williams foi a campeã de construtores. E seria ele, e não Schumacher, o contratado pela Ferrari, o que poderia lhe render mais alguns campeonatos. O destino, porém, não quis. Só nos resta lamentar e sentir saudades.

E segue o tango...

A Conmebol deve anunciar hoje, quando e onde será disputada a segunda partida da final da Libertadores, entre River Plate e Boca Jrs. Seja qual for a decisão, aposto que ainda teremos muita confusão pela frente – dentro e fora do campo. Lembra daquele papo de que seria “a maior final de todos os tempos”? Tornou-se, sim, o maior vexame do futebol no continente.

Perguntar não ofende

Será que, após a última rodada, a torcida do Vasco ainda terá motivos para comemorar a derrota para o Palmeiras?

Goleirão

Valeu, Jefferson!