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Paquetá e Vitinho não são os vilões

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O Campeonato Brasileiro é do Palmeiras e o que não falta agora é rubro-negro lamentando os gols perdidos por Lucas Paquetá (contra o próprio Verdão) e Vitinho (diante do São Paulo). Se tivessem sido marcados, o Flamengo chegaria à última rodada cabeça a cabeça com o campeão – e não cinco pontos atrás, tendo que se conformar com o vice. Não acho, porém, que tenha sido nesses dois chutes desastrados que o Mais Querido deixou o título escapar. A lambança é anterior. E não foi cometida dentro das quatro linhas.

Os piores bicos desferidos na direção da lua foram do presidente Eduardo Bandeira de Mello e de seus desastrados dirigentes do futebol. Nem vou falar da estapafúrdia escolha de um inexperiente estagiário para dirigir um elenco milionário, mas na injustificável demora para se dar conta do engano e repará-lo. Foi aí que o Fla jogou fora as suas chances de ganhar o Brasileiro.

Tal situação ficou muito claro quando, apesar de ter tido tempo de sobra para recuperar fisicamente o elenco e treiná-lo com calma, para o pós-Copa, Maurício Barbieri conseguiu a proeza de fazer o seu time piorar, perdendo, rapidamente, toda a vantagem conquistada antes do Mundial.

De todos os envolvidos na famosa maratona de agosto (Cruzeiro, Palmeiras, Grêmio, Corinthians e Santos, que, como o rubro-negro, disputavam concomitantemente o Brasileiro, a Copa do Brasil e a Libertadores), o Fla foi o que administrou pior as três competições.

Mas, mesmo assim, somente nos últimos dias de setembro, após Barbieri perder a sétima partida das 20 disputadas após o Mundial da Rússia, Bandeira e seus pares resolveram trocar o jovem e inexperiente comandante por um técnico bem mais rodado e competente: Dorival Júnior.

Tarde demais. Com Dorival, o Flamengo melhorou consideravelmente, mas não o bastante para recuperar a distância que passara a ter do Palmeiras que agira mais cedo e já embalara, sob o comando de Scolari. O resultado está aí: o rubro-negro encerra a temporada de mãos abanando, sem ganhar “néris de pitibiriba”.

É forçoso lembrar que nos seis anos de Bandeira, o Fla disputou 21 competições e levantou somente três canecos: uma Copa do Brasil e dois carioquinhas. Pouco, muito pouco, principalmente quando se sabe da fortuna investida no futebol, que pagou uma coleção de micos, nas Libertadores que disputou, e até na Sul-Americana, perdida em casa, com o Maracanã lotado.

O solo de Everton Ribeiro

Na boa vitória do Flamengo, no Mineirão, o grande nome foi Everton Ribeiro, autor dos dois golaços que garantiram o triunfo - inútil, por causa da derrota do Vasco. Pará, Renê e Rodolpho tiveram, porém, que salvar três bolas em cima da linha, para garantir os três pontos.

Assombração até o fim

Com as respectivas derrotas para o Palmeiras e o Internacional (aliadas à vitória do América Mineiro), Vasco e Fluminense chegam à última rodada ainda ameaçados pelo fantasma do rebaixamento. E a situação de ambos pode piorar, caso o Sport derrote o São Paulo, hoje. Na última rodada, o Vasco vai à Fortaleza enfrentar o Ceará, que ainda não está livre (precisa ao menos de um ponto), e o Fluminense recebe o América Mineiro, em outro confronto direito na luta para fugira do Z-4. Drama total.

Um tango argentino

Fez-se tanto oba-oba, exaltou-se de tal forma esta final da Libertadores, entre Boca Jrs. e River Plate, que a frustração agora, diante do absurdo ocorrido no Monumental de Nuñez, beira a dimensão trágica de um bom tango argentino. Quando será disputada a segunda partida, onde, em que condições, ninguém sabe. Há jogadores do Boca que defendem, dramaticamente, que o título seja longo entregue ao River – sugerindo ser impossível jogar lá. Quem, no final das contas, erguerá o caneco, não me arrisco a prever. Mas faço uma aposta, tranquilo: vai acabar em pancadaria e briga generalizada, no campo e nas ruas de Buenos Aires.

Que grande final, hein?

Vítima do próprio caráter

Na última corrida do ano, o GP de Abu Dhabi, o espanhol Fernando Alonso recebeu várias homenagens, muito justas diante de seus dois títulos de campeão do mundo, conquistados quando ainda pilotava para a Benetton. Discordo, contudo, da comoção demonstrada por vários dos nossos jornalistas especializados que o tratam como um semideus das pistas, esquecendo que foi ele mesmo quem cavou o buraco em que se meteu e que agora o leva a abandonar precocemente o circo da velocidade.

Talento, Alonso tem de sobra, mas falta-lhe o caráter e a grandeza dos verdadeiros campeões. Prejudicou deliberadamente todos os seus companheiros (Felipe Massa que o diga), meteu-se em tramoias sórdidas (como aquela que levou Nelsinho Piquet a bater de propósito, em Singapura) e chantageou até a McLaren, no famoso caso de espionagem da Ferrari que abalou a Fórmula-1. Com a habilidade de guiar que ainda tem, não fosse tão “Dick Vigarista”, certamente, estaria a bordo de uma Mercedes, uma Ferrari ou, no mínimo, uma Red Bull, brigando pelas primeiras posições. Perdeu a vez e o lugar por ser mesquinho.

Lógico

Encontro o Bagá, chutando pedras na General Osório e ele, dispara, desolado:

- Chefia, fui torcer pelo Vasco, virei vice...