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Raça, amor e paixão na Ilha

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Mal escalado de saída (foi desastrosa a aposta de Dorival Junior em Geuvânio) e com um jogador a menos, a partir dos 17 minutos do segundo tempo (Paquetá foi infantilmente expulso), ainda assim o Flamengo conseguiu arrancar uma vitória heroica e importantíssima contra o Sport, em Recife, levando sua pequena torcida a fazer a festa na Ilha do Retiro, entoando, com entusiasmo, o tradicional coro “Raça amor e paixão”.

O resultado levou o rubro-negro à vice-liderança do campeonato (o Internacional perdeu para o Botafogo), diminuindo a distância para o líder de sete para cinco pontos e, o mais importante, garantiu a vantagem rubro-negra na luta pela vaga direta na fase de grupos da Libertadores do ano que vem. O triunfo do Fla ajudou também o Vasco, mantendo o time pernambucano atrás do cruz-maltino, na dramática luta contra o rebaixamento.

Disputado num gramado ruim e irregular, o jogo, tecnicamente fraco, foi um festival de passes errados dos dois times. Com Dorival Junior e Milton Mendes chegando ao nono jogo à frente de suas equipes (estrearam na mesma rodada e somavam, praticamente, o mesmo número de pontos, até então: o Fla, 14 e o Sport, 13), a cautela foi a tônica dos primeiros 45 minutos. Os donos da casa tinham um pouco mais de posse bola, mas as melhores chances acabaram sendo dos visitantes, em triangulações pela esquerda de seu ataque. Maílson fez duas boas defesa, em conclusões de Vitinho, e César, uma, em falta cobrada por Michel Bastos. Só.

Após o intervalo, apesar de Geuvânio ter sido a nulidade de sempre, o Flamengo voltou com a mesma formação e continuou a ser dominado pelo Sport, que quase se aproveitou de uma falha grosseira de Réver, aos 7 minutos. Aos 10, Lucas Paquetá levou um cartão amarelo por uma falta absolutamente desnecessária na intermediária e logo depois, diante da pressão dos pernambucanos, Dorival, enfim, resolveu mexer, para colocar em campo, de uma vez só, os dois jogadores que poderiam (e deveriam) estar à frente de Geuvânio, em qualquer escolha de bom senso.

Antes que Everton Ribeiro e Berrio entrassem, entretanto, Paquetá completou a lambança levando mais um amarelo (agarrou um adversário, num contra-ataque) e foi expulso. A tragédia do rubro-negro carioca, diante do pernambucano parecia selada.

Everton e Berrio, porém, entraram muito bem na partida e, numa jogada entre eles, quase saiu o gol rubro-negro. O colombiano concluiu de cabeça, mas a bola, caprichosamente, beijou a trave.

A ótima atuação da dupla revigorou o Fla de tal forma que nem parecia que o time jogava com um a menos. Foi assim que, aos 36 minutos, num escanteio, William Arão marcou de cabeça o gol da vitória.

O final da partida foi dramático, com o Sport pressionando, desordenadamente, e o Flamengo se defendendo (Dorival tirou Vitinho e colocou ainda Piris da Motta em campo). Apesar disso, a única chance real dos pernambucanos foi num chute de fora da área de Michel Bastos que César espalmou.

Com apenas Everton Ribeiro e Berrio à frente, os cariocas ainda conseguiram gastar o tempo, segurando a bola no ataque. A dupla entrou mesmo com a corda toda. Provando o absurdo que foi a escolha de Dorival pelo inútil Geuvânio.

A estrela brilha

Grande vitória do Botafogo contra o até então vice-líder Internacional. Foi o quarto triunfo consecutivo do Glorioso, que exorciza assim de uma vez por todas o fantasma do rebaixamento e se permite continuar sonhando com uma ainda improvável e vaga na pré-Libertadores. A diferença de seis pontos para o Atlético Mineiro parece muito difícil de ser descontada em apenas três rodadas. De qualquer forma, apesar da evidente limitação técnica de seu elenco, Zé Ricardo conseguiu montar um time que se tornou extremamente competitivo na reta final do certame. Palmas pra ele.

Presente e futuro

A vitória de Alexander Zverev sobre Novak Djokovic, na decisão do ATP Finals (6/4, 6/3), reforça a impressão de que o atual número 1 perdeu para aquele que, mais cedo ou mais tarde, irá sucedê-lo no trono do tênis. Ainda falta ao alemão mostrar consistência nos jogos de cinco sets dos torneios de Grand Slam (onde nunca conseguiu passar das quartas-de-final). Mas a parceria com o multicampeão Ivan Lendl parece já estar surtindo efeito. Não custa lembrar, foi também tendo o tcheco como técnico que Andy Murray conseguiu superar Djokovic e se tornar o número 1, há dois anos.

De bandeja

Quando vendeu Lucas Paquetá para o Milan, nos primeiros dias de outubro, o Flamengo entregou de bandeja o Campeonato Brasileiro. Até então o melhor do time rubro-negro e um dos principais destaques do torneio, o jovem de 21 anos a partir daí se tornou um jogador desconcentrado, descompromissado e errático, cuja irresponsabilidade maior se viu ontem, ao ser expulso infantilmente aos 17 minutos do segundo tempo.

Só mesmo quem nunca foi do ramo e, em seis anos, não conseguiu entender bulhufas do mundo da bola poderia achar que essa absurda transação (com o agravante de ter sido feita por valor consideravelmente menor do que o da multa rescisória e ainda em prestações) não mexeria com a cabeça do atleta e prejudicaria diretamente a equipe.