Tenho assistido aos jogos do Paris Saint Germain na Liga dos Campeões, menos preocupado com os resultados e mais com o comportamento de Neymar. E o que tenho visto me agrada. Atuando mais como meio-campo (numa função idêntica à do antigo meia-esquerda), Neymar ainda não teve uma daquelas atuações espetaculares, capazes de desequilibrar um jogo contra um grande adversário. Mas a sua postura diante das arbitragens e das faltas (que continua recebendo) mudaram diametralmente em relação à que teve na Rússia e o tornou uma chacota mundial.

Neymar não se atira mais ao chão, nem rola como um cachorro atropelado. Ao contrário, tenta se manter em pé e prosseguir na jogada, mesmo quando se vê em meio a uma selva de botinadas. Quando cai, levanta-se imediatamente. Sem choro, nem vela. Sem reclamações teatrais contra os juízes, que ainda mantém um certo pé atrás com ele. Mas se continuar agindo assim, até isso passará. E o futebol agradecerá, penhorado.

A situação do PSG na Champions não é desesperadora, mas preocupante. Precisa vencer o Liverpool, na próxima rodada, no Parc des Princes. Se perder, ou até mesmo se empatar, correrá sério risco de acabar fora da próxima fase, eliminado pelo próprio Liverpool e pelo Nápoli – que se enfrentam depois e, dependendo dos resultados, podem até jogar por um empate que classificaria ambos.

É chegada, portanto, a hora do grande solo de Neymar. Vencendo, o PSG praticamente carimbará o passaporte para a fase seguinte, pois enfrentará o Estrela Vermelha, em Paris, na última rodada. O problema é que ao ser derrotado pelo mesmo Estrela, no Marakana sérvio, o Liverpool se vê obrigado agora a ganhar ao menos um ponto no Parc des Princes, que vai ferver com esse jogão entre os dois favoritos do grupo (o Nápoli, atual líder era visto como terceira força).

Não custa lembrar, o Liverpool derrotou o Paris Saint Germain, no jogo de ida, em Anfield Road, por 3 a 2. A volta vai incendiar a capital francesa.

Vini segue brilhando

Sacanagem do técnico interino do Real Madrid, Santiago Solari. Esse joguinho de ontem, contra o Viktoria Plzen, era perfeito para Vinícius Jr. ser lançado como titular e fazer a festa na sua estreia na Liga dos Campeões. O cabeçudo o deixou no banco e só o colocou em campo nos últimos trinta minutos, quando o placar já era 4 a 0 para os espanhóis.

O tempo, porém, foi suficiente para que o moleque desse uma arrancada e um passe açucarado para Toni Kross marcar o quinto gol. Vinícius criou ainda algumas outras boas jogadas, pela ponta-esquerda e se não estivesse tão preocupado em passar a bola para a conclusão dos companheiros poderia até ter arriscado mais e, quem sabe, feito um gol.

De qualquer forma, somou mais pontos com o seu futebol talentoso e irreverente. Tal como fazia no Flamengo, quando ainda não era titular (por pura cegueira dos técnicos), incendia todas as partidas quando entra.

O exemplo de Guardiola

Em entrevista após a goleada do Manchester City sobre o Shakhtar Donetsk (6 a 0, com três gols de Gabriel Jesus, dois de pênalti e um golaço, por cobertura), o técnico Pep Guardiola, do City, fez questão de dizer que o pênalti que originou o segundo gol não exisitiu – Sterling chutou o chão e caiu sozinho. É a primeira vez que vejo um treinador admitir isso, sem pestanejar. Guardiola sempre à frente dos demais. Palmas pra ele. Pena que Sterling não tenha tido a grandeza de avisar ao juiz que não sofrera falta alguma. Pediu desculpas, em entrevista pós jogo, mas isso não é o bastante.

Já vão tarde

Como diz a turma mais jovem, “demorou”. Pelo que leio no UOL, a Rede Globo já decidiu que, a partir de 2020, não transmitirá mais os estaduais. Quem garante tal decisão é o presidente do Atlético Paranaense, Mário Celso Petraglia:

“Quero adiantar aqui, se vocês não sabem: em 2020, a Globo não comprará nenhum estadual. Ela não quer mais. Quer antecipar o calendário para fevereiro e quer vender publicidade, PPV (pay-per-view). O único que ficará até 2022 é o Paulista, em que não há janela de rescisão. Os outros, a partir de 2020, não interessam à Globo. São deficitários”.

É claro que os estaduais ainda poderão interessar a outras televisões. Mas, mesmo assim, só se forem radicalmente reformulados e utilizarem menos datas. Até porque a Globo quer e vai forçar que o Campeonato Brasileiro comece bem mais cedo.

Xeque-mate

O Conselho de Administração do Flamengo, em reunião realizada na Gávea, na última terça-feira, autorizou a candidatura de Ricardo Lomba mas impôs várias restrições caso ele seja eleito: não poderá assinar cheques, balanços e ter questionamentos com órgãos públicos e bancos como Caixa Econômica e Banco do Brasil. Como vai dirigir o clube assim? Lomba é auditor da Receita Federal e, pelo estatuto rubro-negro, precisaria se licenciar do cargo para poder exercer a presidência sem nenhum tipo de restrição. Comentário de uma raposa felpudíssima do rubro-negro:

- Ele recebeu um xeque-mate. Teria sido menos cruel embargar logo a candidatura.