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Dinossauros torpedeiam o VAR

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As polêmicas sobre a utilização do VAR na partida em que o River Plate eliminou o Grêmio da Libertadores, voltaram a deixar em polvorosa as mesas redondas de TV e rádio, evidenciando como muitos jornalistas esportivos ainda têm enorme dificuldade em entender o que é exatamente a função do árbitro de vídeo e em aceitar que a tecnologia no esporte é irreversível e, bem utilizada, presta inestimável serviço às arbitragens.

A coisa anda tão confusa que nem os ex-árbitros, agora travestidos de comentaristas, falam a mesma língua. No SporTV, por exemplo, Leonardo Gaciba (notório adversário do uso das imagens da TV) detonou o VAR, igualando a mão no lance do gol do River Plate ao pênalti cometido por Bressan. Contrariado, insistiu que o jogo era melhor e mais simples sem o auxílio da tecnologia: “o futebol em campo está dando vez ao futebol da TV”, disparou, em raciocínio confuso e retrógrado.

Já no Fox Sports, Carlos Simon advogou tese oposta. Dizendo-se defensor do VAR, opinou que no primeiro gol do River não houve irregularidade (“a bola apenas raspou no braço do atacante, depois da cabeçada”) e que o pênalti foi bem marcado. Admitiu que o árbitro de vídeo poderia ter sugerido que o de campo revisse o lance do gol de Borré, mas disse entender o motivo pelo qual isso não aconteceu. “Como o juiz não marcou e o pessoal do vídeo também não viu infração”, a partida seguiu.

Paixões à parte, a verdade é que a mão de Bressan foi infinitamente mais clara que a de Borré. Que, provavelmente, nem foi notada pela turma do vídeo, logo após o gol. Na própria transmissão da TV, só se descobriu a possível irregularidade, bem depois, por uma imagem específica, de trás da baliza. E, vamos falar francamente, nem essa é tão clara.

O que muita gente parece fazer questão de não entender é o que o VAR no futebol não é imune a erros, como acontece em esportes como o tênis ou o vôlei, onde só serve para decisões simples como se a bola foi dentro ou fora, se bateu no bloqueio ou se alguém tocou na rede ou pisou na linha. No velho e violento esporte bretão, na maioria das vezes há margem para interpretações e aí, vira, mexe, a porca torce o rabo, porque os juízes ainda são capazes de errar, mesmo com o auxílio dos replays por vários ângulos.

Foi assim, por exemplo, na grotesca expulsão de Dedé, do Cruzeiro, na primeira partida contra o Boca Juniors. Mas inegável é que, apesar dos tropeços em número maior que o desejável, nessa fase inicial de implantação, muitos absurdos já foram corrigidos pelo uso da tecnologia. E cada vez mais ela será entendida e aperfeiçoada. Culpar o VAR pelos equívocos é um erro primário de avaliação. Ele se trata apenas de um (poderoso) instrumento a mais para auxiliar o juiz. Ser contra isso é uma lamentável demonstração de teimosia e visão obtusa.

Acinte e deboche

Foi acintosa e debochada a atitude do técnico Marcelo Gallardo, do River Plate, comandando o time, por rádio, de uma cabine do estádio e descendo no intervalo para o vestiário, para dar instruções aos seus jogadores, como se não estivesse suspenso pela Conmebol. Merece punição exemplar.

Mas daí a acreditar que o time argentino poderá ter a vitória anulada por isso, só sendo de uma ingenuidade comovente. Não há nada que justifique tal punição no regulamento da Libertadores e, na atual conjuntura, com a CBF do Coronel Nunes completamente desmoralizada, acreditar que beneficiarão um brasileiro contra um argentino é pior do que crer em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e Mula sem cabeça.

O brilho de Vinícius

Um dia depois de dizer que Vinícius Jr. era apenas “mais um” no elenco do Real Madrid, o técnico interino Santiago Solari deve ter levado um belo puxão de orelhas, pois escalou o moleque como titular no jogo contra o Melilla, pela Copa do Rei. O resultado não poderia ter sido melhor. Vitória por 4 a 0, com Vini se destacando como um dos melhores em campo. Deu passe para Asensio marcar, chutou uma bola no travessão e empolgou a torcida com dribles, toques de letra e arrancadas. Se permitirem que tenha uma sequência, aposto que logo será titular absoluto.

De volta ao topo

Pela primeira vez na história do tênis profissional, um jogador que começou a temporada fora do top-20 consegue, no mesmo ano, alcançar o número 1. O feito é de Novak Djokovic que, graças à desistência de Rafael Nadal, no Masters 1.000 de Paris, já aparecerá na próxima segunda-feira como novo líder do ranking da ATP.

A contusão de Rafa, num músculo do abdômen, deve tirá-lo também do ATP Finals, em Londres, o que permitirá que Nole termine 2018 como número 1 – posição que não ocupava desde outubro de 2016. Mais que merecido, pois venceu dois dos quatro torneios de Grand Slam (Wimbledon e US Open), além de dois Masters 1000 (ainda pode ganhar o terceiro na capital francesa). É muito bom ver o velho Djoko de volta!

Antro de corrupção

Fim do Ministério do Esporte, que nunca passou de um cabide de empregos e um antro de corrupção e interesses políticos escusos. Já vai tarde.

Sonho vivo

Grande vitória do Fluminense no Parque Central, onde o Nacional tinha um retrospecto impressionante (seis vitórias e um empate, em sete jogos). O tricolor jogou melhor em Montevidéu do que no Rio. A dupla de ataque formada por Luciano e Everaldo é um achado e tanto. O sonho do título na Sul-Americana segue vivo. Pode ser a salvação da temporada tricolor.