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E a vitória não veio...

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Diante da importância da partida, Bagá chegou cedo a Ponderosa. A carantonha estava séria e o cenho carregado. Festejado pela cachorrada, nem se alongou nos carinhos, a não ser com o Banzé, seu preferido, que carregou para a sala e colocou no colo.

- Hoje é final, chefia. É decisão. Sem gracinhas, por favor – disparou, enquanto fazia cafuné no vira-lata manquitola.

Assistiu à derrota do Fluminense para o Santos em silêncio limitando-se a comentar, com ironia:

- Coitado do goleirão! Pegou até pensamento e levou três gols nos cinco minutos finais. Se com os titulares, já era difícil o Flu resistir ao Santos lá na Vila, com os reservas, então...

Como de hábito, o ciclope estava prenhe de razão. Na telinha, Felipão e Dorival se abraçavam, às gargalhadas, mas Bagá continuava sem sorrir. Tensão total.

- Mesmo sem todos os titulares, esse time do Palmeiras é forte. Guerra, Borja, Dudu... E ainda tem o brucutu do Felipe Melo pra distribuir bordoadas a torto e a direito. Não podemos pipocar!

Lembrei que o zagueiro Luan, ex-Vasco, jogaria improvisado na lateral-direita e que Vitinho está bem:

- É o caminho das pedras, chefia, é por ali que eles podem entregar o ouro.

Jogo amarrado até os 15 minutos, quando Vitinho driblou Luan com facilidade e cruzou rasteiro para Paquetá, livre na área. Ele chutou, mas a zaga desviou a córner.

- É por aí, mesmo – vibrou o ciclope, num urro, assustando o Banzé, que tratou de se escafeder, de mansinho.

O equilíbrio, porém, se mantinha. E o colosso de ébano ia ficando nervoso:

- Viu a bordoada que o Felipe Melo deu no Paquetá? E o juizão nem amarelo deu. Isso já é por causa do chororô do Felipão...

Aos 33 minutos, Vitinho fez novo salseiro pela esquerda e cruzou para a área, mas nem Uribe, nem Arão conseguiram concluir. O mais caro reforço rubro-negro ia se revelando o melhor em campo:

- Bola nele, Dorival! Vitinho está com o capeta no corpo. É quem pode fazer a diferença! – gritou o Bagá, como se o técnico pudesse ouvi-lo.

Caiu a luz no estádio! Justamente no momento em que o Flamengo começava a ameaçar mais o gol do Palmeiras. Sete minutos depois, recomeçou o jogo, ainda que sem todos os refletores acesos. Vitinho, porém, seguia iluminado.

- Precisávamos de mais um Vitinho em campo. Paquetá e Everton Ribeiro estão muito apagados.

Estavam mesmo. Numa dividida, em seguida, Paquetá acertou um pisão em Felipe Melo, em claro revide à traulitada que levara antes. Bagá gostou:

- Boa! Nada de botar o galho dentro.

A TV mostrou um replay no qual se via que uma cabeçada de Lucas Paquetá bateu no cotovelo de Luan é o colosso de ébano foi à loucura:

- PÊNALTI! Claríssimo!!!

Não foi nada, mas eu não seria louco de contrariar o monstro. Pouco depois, o Palmeiras conseguiu um contra-ataque em que Guerra obrigou César à grande defesa, e embora o bandeirinha tenha marcado um impedimento (que não houve), o susto foi colossal:

- Ufa! O garoto está em forma, mesmo.

Terminou o primeiro tempo e o 0 a 0 incomodava meu alucinado visitante:

- Empate hoje é derrota! É nossa última chance de diminuir essa diferença. Se continuar quatro pontos, faltando sete rodadas, já era...

Começou a etapa final e, aos cinco minutos, Dudu abriu o placar para o Palmeiras. Falha clamorosa de Pará, que não conseguiu evitar que a bola chegasse a ele e ainda acabou driblado.

- Com pernas-de-pau como o Pará nunca ganharemos nada! – revoltou-se o tresloucado rubro-negro.

Antes dos dez minutos, porém, Paquetá obrigou Wewerton a fazer uma defesa difícil. Pouco depois, Everton Ribeiro fez o mesmo. E Bagá rugiu:

- Por que não jogamos assim, desde o início? Teve que levar o gol, pra soltar o time, Dorival?

Para desespero de Bagá, Vitinho sentiu uma contusão e teve que ser substituído. Entrou Marlos Moreno.

- Dorival tá de brincadeira! O Cafuringa da Colômbia, não!

De fato, parecia péssima escolha. Mas não é que foi o colombiano que, após 77 partidas e dois anos sem marcar, empatou a partida, com um golaço, em jogada individual? E, em seguida, em nova arrancada, ainda deixou Paquetá livre, com o gol aberto, mas esse isolou, por cima!

Com Diego substituindo Arão e Geuvânio no lugar de Uribe, o Flamengo pressionou até o final, mas o gol da tão sonhada vitória não saiu.

- Acabou o Brasileiro. Palmeiras campeão! – despediu-se, triste, o Bagá.

Pela lógica, ele está prenhe de razão. Mas depois que Marlos Moreno entrou, fez gol e evitou a derrota rubro-negra, não duvido de mais nada.

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Flamengo | futebol