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Metamorfose

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A diferença do Flamengo de Dorival Junior para o de Maurício Barbieri já é colossal. São apenas dois jogos (o primeiro, contra o Bahia, não conta, uma vez que o técnico foi apresentado aos jogadores no vestiário), mas aquele time sem elã, que se conformava passivamente com as derrotas e passava 90 minutos brincando de roda de bobo, tocando a bola pra lá e pra cá, sem objetividade e sem tesão; deu lugar a uma equipe decidida, que busca o gol desde o apito inicial do juiz, jogando pra frente com boa variação de jogadas e elogiável volúpia para buscar a rede rival.

Foi assim que sapecou 3 a 0 no Corinthians (que o havia derrotado dias antes, na semifinal da Copa do Brasil) e no Fluminense, mantendo-se vivo na luta pelo título brasileiro – o último que lhe resta, após fracassos seguidos no Carioquinha, na Libertadores e na Copa do Brasil. Se os resultados de Palmeiras x Grêmio e Internacional x São Paulo, hoje, lhe forem favoráveis, pode acabar a rodada no segundo lugar a apenas um ponto do líder, contra quem jogará daqui a uma rodada, no Maracanã.

O peso da experiência

Com muito mais experiência que seu antecessor, Dorival acertou em cheio, ao apostar em jogadores que foram contratados para ser titulares e Barbieri tirava repetidamente do time, num entra e sai insano que deixava todos os envolvidos inseguros e sem render o que podiam. Os casos mais evidentes são os de Vitinho e Uribe, que o estagiário adorava preterir por Marlos Moreno (!!!) e Henrique Dourado.

Vitinho jogou muito bem contra o Corinthians e foi um dos melhores em campo, ontem, contra o Fluminense. Suas jogadas, pela esquerda, desmontaram o esquema de três zagueiros do Flu e foram em cruzamentos perfeitos dele que nasceram os dois primeiros gols. Além disso, se William Arão estivesse com a pontaria um pouco mais calibrada, outros gols poderiam ter acontecido, pois também em jogadas iniciadas por Vitinho, ele ficou livre em três lances para concluir.

Uribe, por sua vez, começa enfim a confirmar sua condição de artilheiro. Balançou a rede duas vezes e poderia ter feito mais, além de ter participado de outras jogadas, começando a fazer o pivô que o time não tinha desde a saída de Paolo Guerrero. Milagre? Não. Além do apoio moral do novo treinador, o time rubro-negro começou a apresentar uma boa variação de jogadas de ataque, com triangulações objetivas pelas extremas, principalmente, pelo lado esquerdo, onde transitam com desenvoltura Vitinho, Paquetá e Renê. O tico-tico no fubá de Barbieri transformou o Flamengo num cemitério de centroavantes. O esquema de Dorival, que exige que mais jogadores entrem na área, começa a ressuscitá-los.

Paquetá profissional

Havia muita expectativa em relação à atuação de Lucas Paquetá no Fla-Flu, seu primeiro jogo após a venda para o Milan. Ele não brilhou, mas, é justo ressaltar, jogou com o empenho de sempre, o que é altamente elogiável. Teve participação indireta no terceiro gol, pois seu chute desviou em dois zagueiros e acabou sobrando para Uribe marcar. Deu ainda um passe perfeito para Berrio, que só não fez o quarto gol porque Jadson conseguiu desviar para escanteio, depois que a bola já tinha passado por Júlio César. Suas boas atuações, jogando mais avançado, tornam difícil que Diego volte a ser titular, quando estiver recuperado da lesão muscular.

Reprovado no teste

O Fluminense vinha embalado por bons resultados na Sul-Americana e no próprio Brasileiro. Mas os adversários que venceu eram todos de segundo escalão: Deportivo Cuenca, Chapecoense e Paraná. Contra o Flamengo, bem mais forte tecnicamente do que esse trio, acabou reprovado.

O esquema defensivo de Marcelo Oliveira, com três zagueiros, não impediu dois gols de cabeça do adversário e a lateral-direita, com o improvisado Mateus Norton, revelou-se uma autêntica avenida, por onde o ataque rubro-negro pintou e bordou.

Diante de uma marcação mais forte, fracassou também a dupla de ataque formada por Everaldo e Luciano, que praticamente não viu a cor da bola. Sornoza, com certeza, fez falta, pois Marco Junior não produziu como meio-campo. No time tricolor, bem só jogou mesmo Ayrton Lucas.

A vaga na Libertadores, pelo Brasileiro, ficou um pouco mais difícil, pois o Santos já se distancia na sétima posição e o tricolor ainda pode ser ultrapassado por outros, dependendo dos resultados da rodada. Se o Fluminense quiser mesmo disputar a principal competição do continente, no ano que vem, que trate de vencer a Sul-Americana. Mas até lá precisará jogar muito mais do que jogou ontem, no Fla-Flu.

Retranca contra reservas?

O Vasco enfrenta os reservas do Cruzeiro, hoje, em São Januário, e precisa vencer, mas o técnico Alberto Valentim mandará a campo um time com três volantes e um lateral-esquerdo adaptado na ponta-esquerda! Pode ser até que dê certo mas, sinceramente, é desanimador. Caso não consiga os três pontos, os vascaínos correm risco de voltar para o Z-4. E o campeonato está acabando...

Pensata

Ah, se os ignorantes que comandam o futebol do Flamengo tivessem mandado o estagiário embora mais cedo...