No clássico carioca da rodada, o Botafogo foi melhor que o Vasco, mas não conseguiu traduzir essa superioridade em gols. Abriu o placar e teve várias outras oportunidades para ampliá-lo, ainda no primeiro tempo, mas não as aproveitou. Aí, prevaleceu a velha máxima: quem não faz, leva. Os vascaínos empataram, com Maxi López (a coisa mais parecida com um jogador de futebol em todo o elenco da Colina), e o time de Zé Ricardo foi incapaz de voltar a marcar, embora dominasse todo o segundo tempo.
O resultado (empate em 1 a 1) foi péssimo para ambos, que continuam rondando o Z-4, assombrados pelo fantasma do rebaixamento. Dá até pena de Alberto Valentim e Zé Ricardo. Com o material humano que têm nas mãos, manter-se na primeira divisão já será um feito e tanto. O futebol apresentado ontem, no Nilton Santos, foi digno das tradicionais peladas disputadas pelos garçons de churrascaria, nos campinhos do Aterro.
De camarote
A próxima rodada do Campeonato Brasileiro promete emoções fortes. Confrontos diretos entre quatro dos cinco primeiros colocados podem provocar uma autêntica dança de cadeiras nas primeiras posições do Campeonato Brasileiro. De camarote estará o Flamengo, o único do quinteto que está à frente que não jogará contra nenhum dos mais bem colocados – enfrentará o Fluminense, um dia antes.
Dos cinco que lideram a tabela, apenas o Internacional (atual vice-líder) tem chances (reduzidas) de assumir a ponta. Precisa vencer o São Paulo, no Beira-Rio, com uma boa diferença de gols, e torcer para que o Palmeiras seja derrotado pelo Grêmio, no Allianz Parque, também por um placar dilatado. Assim, empatariam em pontos (56) e o desempate aconteceria no saldo de gols – no momento favorável ao Verdão (25 x 17). É pouco provável que consiga descontar a diferença em apenas um jogo.
Seja como for, o fato é que o Brasileiro mais equilibrado dos últimos anos tem chances de ficar ainda mais embolado, após a próxima rodada. Por isso, em terceiro lugar, com 52 pontos, o Flamengo não pode nem pensar em outro resultado que não seja a vitória no Fla-Flu, no sábado, para tentar diminuir a distância para o líder e, se possível, superar o Internacional, que também está à sua frente.
Em caso de empates entre Palmeiras e Grêmio e Internacional e São Paulo, se o rubro-negro vencer se tornará vice-líder, a apenas dois pontos do líder, a quem – importantíssimo - enfrentará, no Maracanã, daqui a duas rodadas. Uma situação impensável há poucas semanas, quando a equipe ainda era dirigida por Maurício Barbieri e mostrava-se em queda livre na tabela.
Os três próximos jogos, portanto, serão decisivos para o Fla: Fluminense, Paraná e Palmeiras. Se somar os nove pontos, terá grandes chances de assumir a ponta. Detalhe: esse Flamengo e Palmeiras será realizado exatamente entre os dois jogos do Verdão contra o Boca Juniors, pelas semifinais da Libertadores – o que torna provável que Luiz Felipe Scolari escale uma equipe mista no Rio.
Ainda faltam dez rodadas até o fim, mas esse parece ser o momento decisivo do torneio. Ao menos para o clube de maior torcida no país. Que, depois de enfrentar o Palmeiras, no Maracanã, vai encarar o São Paulo, no Morumbi. Se conseguir terminar essa dura sequência na ponta, quem sabe Eduardo Bandeira de Mello não consegue terminar sua administração conquistando, enfim, um grande título? Seria uma boa forma de apagar a fama de pé-frio e compensar a sua mais recente derrota no ano, nas eleições, onde fracassou na tentativa de se eleger deputado federal.
Paz nas Laranjeiras
A goleada de 4 a 0 sobre o Paraná, lanterna do campeonato, elevou o moral do Fluminense para o Fla-Flu do próximo sábado. Com 37 pontos, faltando dez rodadas para o final, só um cataclisma pode fazer o tricolor voltar a ser assombrado pelo fantasma do rebaixamento. Aliviado, o técnico Marcelo Oliveira já fala até em sonhar mais alto no Brasileiro – o que significa dizer, lutar por uma vaga na Libertadores do ano que vem.
Oitavo colocado, oito pontos atrás do sexto colocado, o Atlético Mineiro, o Flu pode torcer ainda para que o Palmeiras ou o Grêmio conquistem o título da principal competição do continente, neste ano, o que abriria mais uma vaga no torneio (formando um G-7). Neste caso, bastaria superar o Santos, que está no momento dois pontos à frente do Fluminense.
Tudo a ver
“Faz chacrinha, faz chacrinha”, gritava Tite para os atacantes da seleção brasileira, no treino para o amistoso contra a Arábia Saudita. Cá entre nós, tudo a ver. Num jogo que é muito mais um circo do que uma partida de futebol de verdade, ter como estratégia “fazer chacrinha” (seja lá o que isso quer dizer), faz todo o sentido. Aliás chacrinha é o que a CBF já vem fazendo há tempos, com esses ridículos amistosos da seleção em plena reta final do Campeonato Brasileiro, da Libertadores e da Copa do Brasil.
Currículo de campeão
A chapa de Rodolfo Landim e Rodrigo Dunshee de Abranches já tem um nome de peso e do ramo para comandar o futebol do Flamengo, a partir do ano que vem. As últimas pesquisas feitas com os sócios do clube apontam amplo favoritismo de Landim/Dunshee sobre Lomba/Oaquim, da situação.