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Simples assim

Reprodução -
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Hoje falaremos sobre Solar (independente), o 11o CD instrumental do batera Alfredo Dias Gomes. Gravado em seu próprio estúdio, o álbum está disponível nas plataformas digitais – para download e streaming – no iTunes, Spotify e Napster, além do CD físico.

Batera tarimbado, Alfredo Dias Gomes tem mais de 25 anos de carreira. Considerando que tem lastro suficiente para ter os seus trabalhos confrontados entre si, porei frente a frente dois deles: JAM (2018) e o recente Solar. Ambos têm apenas oito faixas, todas compostas por ele com sabedoria. A diferençar Jam de Solar, o número de instrumentistas: em JAM são dois – Julio Maya (guitarra) e Marcos Bombom (contrabaixo e “baixolão”); e agora, em Solar, apenas um, Widor Santiago (saxes tenor e soprano e flauta).

Macaque in the trees
(Foto: Reprodução)

Em JAM, Alfredo, Julio e Marcos tocam jazz rock, gênero que ele abraçou plenamente e pelo qual se deixou influenciar e entusiasmar. Pleno de grooves e riffs, os temas têm pegada roqueira.

Por outro lado, em Solar o jazz está envolvido pela brasilidade que Alfredo carrega em seu jeito de compor e tocar. Além da batera, ele toca teclado e contrabaixo, e, junto com o sax de Widor, resulta numa sonoridade que não perde a característica explosiva ouvida em JAM – muito pelo contrário, intensifica-a. Simples assim.

Em meu comentário sobre JAM, lembro-me de situar o jazz rock: “Desde a década de 1960 (...), os músicos de rock passaram a incluir alguns atributos do jazz em suas composições. Assim, dedicaram maior capricho a suas composições, permitindo-se inclusive a improvisos. Resumindo: jazz rock é o gênero musical que mescla, principalmente, o jazz com o roquenrrol – mas não exclusivamente com este: ajunta-se também ao funk e ao samba (...)”.

A ele, acrescento agora: o barato do lance de Alfredo vem acompanhado pela influência da diversidade da música brasileira – cada acorde soa como se fosse o princípio, ou o derradeiro. Simples assim.

Com técnica apurada, em Solar, Alfredo usa exata e igualmente todas as peças do instrumento. Tal requisito faz dele um instrumentista brilhante.

O jazz rock, assim como o jazz Brasil de Alfredo, são como fogo incendiando a caretice. Tocado com extrema competência, o álbum é uma lufada de ar puro e benfazejo na música instrumental. Simples assim.

“Solar”, com seu arranjo tempestuoso, faz vibrar o som popular brasileiro. A bela “Corais” ressalta a brasilidade das composições de Alfredo. Em “Alta Tensão”, impressiona a força da batera e sua liberdade de ser. “Smoky” tem um duo porreta de batera e sax. É a criatividade superando os limites convencionais. Embelezando ainda mais o que já é belo.

Escancarando a brasilidade de seus temas, Alfredo fecha a tampa com “Finale”. Mais uma vez, o duo do sax com a batera, ao se mostrar em ritmo de samba, tem presença mais do que ajustada. Mais brasileiro, impossível.

Deixando de lado os rótulos, o que Alfredo Dias Gomes cria e toca é música instrumental da mais alta qualidade. Simples assim.

Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4