O desespero das chamadas forças de centro-direita aumenta a cada pesquisa apontando o risco de ficar fora do segundo turno com sua dispersão entre tantos candidatos. Neste final de semana circulou a pesquisa do Datapoder360, instituto nascente do site Poder360, que fechou o foco da consulta estimulada nos sete candidatos hoje mais competitivos, os que vêm obtendo mais de 5% nas sondagens, excluindo Lula. Joaquim Barbosa ficou em segundo lugar, com 16%, atrás de Bolsonaro, com 22%. Ele derrotaria, em eventual segundo turno, tanto o deputado ultradireitista (37% a 32%) como o tucano Geraldo Alckmin (41% a 18%). Diante de mais este aviso, o PSDB vai acelerar as articulações com outros partidos e candidatos do mesmo campo em busca de uma convergência, o que significaria a desistência de alguns em favor de Geraldo Alckmin.
O secretário-geral do PSDB, deputado Marcus Pestana (MG), é um destes articuladores. Ele já se reuniu com o senador Álvaro Dias, pré-candidato do Podemos, e com Rodrigo Maia, lançado pelo DEM. Outras conversas estão sendo agendadas, algumas com a participação do próprio Alckmin. “ Depois de toda a luta contra a ditadura e de 30 anos de esforços pela construção da democracia, um segundo turno entre Barbosa e Bolsonaro seria o fracasso de toda uma geração. E isso pode acontecer se as forças do campo democrático e reformista não entenderem a necessidade da convergência, mirando-se no exemplo da eleição de 1989”, diz ele.
Em 89, Collor era o favorito, Brizola e Lula brigavam pela segunda vaga. Lula cresceu na reta final e chegou lá com 16,7% dos votos. Mario Covas, do PSDB, ficou com 11% e os demais candidatos de centro – Ulysses Guimarães, Afif Domingos, Affonso Camargo e Aureliano Chaves – com 12%. Juntos, poderiam ter tido 33% dos votos. Hoje, admite o dirigente tucano, a dispersão “deixa o centro sem chances”.
Pestana tem discutido o assunto com o chamado G-8, um grupo de deputados influentes de cinco partidos deste espectro (DEM, PMDB, PSB, PTB e PPS): Heraclito Fortes, Mendonça Filho, José Carlos Aleluia, Benito Fama, Raul Jungmann, Jarbas Vasconcelos, entre outros. O senador Cristóvam Buarque entrou no esforço e está propondo o lançamento de um manifesto programático que poderia unir candidatos como Rodrigo Maia, Flavio Rocha, Álvaro Dias e Henrique Meirelles, além de Alckmin.
O problema é que, nesta fase do campeonato, dificilmente alguém desistiria em favor de um concorrente que não tem demonstrado fôlego para a corrida. Alckmin teria primeiro que crescer. Todo candidato tem a ilusão de que na próxima esquina vai deslanchar . Segue pois, a direita com seu drama, a esquerda com o seu, enquanto Bolsonaro flana e Joaquim Barbosa pode nem se animar a entrar na selva, mas agora faz espuma.
PT com Lula
A troca de Lula por outro candidato terá que acontecer mas não tão cedo, conforme especulações de ontem, a partir de uma frase de sua carta ao PT, a de que “ficasse à vontade” para definir rumos. Nem haverá redução de holofotes em busca de decisões favoráveis da Justiça. Por ora, segue o plano. O Diretório Nacional marcou ontem para 28 de junho a convenção que homologará seu nome, reafirmando a decisão de pedir o registro da candidatura em agosto. Enquanto isso, dizem os petistas, os candidatos da centro-direita vão se estapeando. Existe o risco de perda do “timing” mas uma coisa é certa: preso ou solto, Lula decidirá sobre a hora e sobre o nome do candidato, seja do PT ou de fora.
Tensão em Curitiba
A Comissão Externa da Câmara criada para vistoriar a prisão de Lula baixará hoje em Curitiba disposta a enfrentar a juíza Carolina Lebbos, que proibiu todas as visitas. “Ela não tem poder para invadir prerrogativas da Câmara. Não pedimos autorização, só comunicamos a inspeção”, diz seu coordenador, deputado Paulo Pimenta. Com sua rigidez, a juiza ajuda a PF no propósito de se livrar do prisioneiro, pedindo sua transferência.