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Aplicativo permite que moradores de Gaza deem nota para clérigos

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Com um movimento do polegar, moradores da faixa de Gaza podem desde o mês passado avaliar os clérigos locais e seus sermões religiosos -dando-lhes notas que vão de uma a cinco estrelas no aplicativo al-Khutaba wa-l-Wiaz ("os pregadores e os sermões"). A iniciativa partiu do governo local, controlado pela facção radical palestina Hamas.

O aplicativo al-Khutaba wa-l-Wiaz é gratuito e pode ser baixado na loja Google Play. Há planos de produzir uma versão para iPhone, de acordo com uma reportagem publicada pelo Al-Monitor. Funcionários ouvidos pelo site afirmaram que a ideia é permitir que palestinos avaliem os sermões religiosos de sexta-feira -compulsórios, segundo a tradição islâmica- e, com isso, contribuam para a melhora do serviço. Há 1.300 pregadores em toda a faixa de Gaza, atuando em 888 mesquitas.

Os clérigos palestinos que receberem classificações negativas serão avaliados pelas autoridades. Os critérios incluem a oratória, o conhecimento das tradições e a memorização de trechos do Alcorão, que é o livro sagrado do islã. Também serão punidos com poucas estrelas os pregadores que misturarem religião e política, afirma a repórter Rasha Abou Jalal. O governo local tenta desencorajar, por exemplo, os discursos discriminatórios contra a população cristã.

Alguns dos moradores ouvidos pelo Al-Monitor, no entanto, não receberam a novidade com tanto entusiasmo. Um deles, em particular, demonstrou surpresa com o interesse das autoridades de Gaza em desenvolver tal aplicativo. Ele gostaria, diz, que houvesse maneiras de avaliar os demais serviços prestados à população, como a educação. Há extrema precariedade em Gaza, uma das regiões mais pobres do mundo, em parte como resultado do duro cerco imposto por Israel. 

A faixa, outrora ocupada por Israel, está hoje sob o controle do Hamas. Dali, a facção dispara foguetes contra o território israelense. O Hamas é considerado uma organização terrorista pelos EUA e por Israel. Recentemente, o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, criticou o grupo em uma mensagem em uma rede social.