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Erupções vulcânicas podem ter contribuído para extinção dos dinossauros

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Toda criança em idade escolar sabe que os dinossauros foram mortos por um asteroide que caiu na Terra há cerca de 66 milhões de anos.

Mas os cientistas dizem que a história pode não ser tão simples, e que erupções vulcânicas maciças ao longo de centenas de milhares de anos podem ter contribuído para a extinção dos dinossauros no final do período Cretáceo.

Dois estudos publicados nesta quinta-feira na revista Science contribuíram para um longo debate científico sobre o que exatamente acabou com esses poderosos répteis.

Antes da década de 1980, a teoria dominante era que as enormes e prolongadas erupções vulcânicas causaram uma mudança rápida e mortal no clima do planeta, enviando vastas nuvens de cinzas, gás e poeira para a atmosfera.

Em seguida, cientistas descobriram a enorme cratera Chicxulub de um antigo impacto de asteroide na costa caribenha do México, que, segundo eles, havia enviado tantos detritos para a atmosfera que prejudicou a fotossíntese em plantas e matou três quartos da vida na Terra.

Desde então, os cientistas mantiveram um intenso debate sobre a contribuição relativa de cada evento cataclísmico para a morte maciça dos dinossauros.

Os autores dos dois estudos publicados nesta quinta-feira foram capazes de datar fluxos de lava maciços com uma precisão muito maior, passando de uma precisão da ordem de um milhão de anos à de dezenas de milhares de anos.

"Somos capazes de recriar com grande precisão a ordem dos eventos no final do período Cretáceo", disse Loyc Vanderkluysen, professor de geociência da Universidade Drexel, na Filadélfia, à AFP.

Ele fez parte de uma equipe que datou os vastos fluxos de lava conhecidos como armadilhas de Deccan na Índia, usando medidas de radioatividade de certos componentes de lava ou dos sedimentos. A outra equipe usou um método diferente de datação.

Nesta região, a espessura da lava ainda alcança 1.200 metros em alguns lugares, disse Loÿc Vanderkluysen. O volume de lava expulsa nessa época, durante quase um milhão de anos, poderia cobrir uma extensão equivalente à França com centenas de metros de espessura.

As novas datações feitas pelas duas equipes coincidem. Uma delas descobriu que um "pulso" de erupções vulcânicas ocorreu pouco antes da extinção em massa.

A outra é menos precisa, mas sugere que a maioria dos fluxos de lava veio após o asteroide atingir a Terra, reforçando a ideia de que o impacto desencadeou um terremoto tão grande que teria registrado 11 na escala de magnitude do momento, algo nunca testemunhado pelos humanos.

Isso, por sua vez, desencadeou uma onda de erupções vulcânicas que durou cerca de 300.000 anos.

"Isso reforça a teoria de que o impacto foi a principal causa", disse Vanderkluysen. "É como agitar uma garrafa de refrigerante, pode acelerar a atividade vulcânica".

É improvável que a estreita correlação dos dois eventos - erupções e extinção - seja uma coincidência, dizem os pesquisadores.

Outros períodos de intensa atividade vulcânica coincidiram com eventos de extinção em massa, disse Blair Schoene, professor de geociências em Princeton e coautor do outro estudo.

"A grande questão é: a extinção teria acontecido sem o impacto, dado o vulcanismo, ou, inversamente, a extinção teria acontecido sem o vulcanismo, dado o impacto? Eu não acho que saibamos a resposta", disse à AFP.

"O principal ponto de partida é que não é assim tão simples. A natureza é complicada", acrescentou. "Estudando os dois fenômenos com o máximo de detalhes possível, podemos tentar descobrir essa história toda".

Mapear a linha do tempo dessa extinção em massa é crucial, disse Schoene, para entender as consequências da chamada "sexta extinção", que os humanos estão causando atualmente.

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