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Fundo Global quer acelerar luta contra a aids, a tuberculose e a malária

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A luta contra a aids, a tuberculose e a malária deve ser intensificada se a comunidade internacional quiser cumprir seu objetivo de acabar com essas três pandemias até 2030, advertiu o chefe do Fundo Global de Luta contra Aids, Tuberculose e Malária.

"Para dizer francamente, não estamos numa boa trajetória para cumprir esta ambição", declarou Peter Sands, diretor executivo do Fundo Global, durante um encontro com jornalistas em Nova Délhi.

A capital indiana acolhe nesta sexta-feira (8) uma reunião preparatória para a próxima conferência trienal do Fundo Mundial, que acontecerá em Lyon (França), em outubro.

Em seu combate contra essas três doenças emblemáticas, o planeta registrou importantes vitórias.

O número de mortes ligadas à aids e à tuberculose diminuiu pela metade desde o início do século. A tuberculose, atualmente a doença infecciosa mais mortal com 1,3 milhão de mortes por ano (excluindo co-infecções pelo HIV), causando em 2016 cerca de 20% de mortes a menos que em 2000.

Mas esses avanços continuam muito modestos tendo em vista o objetivo de erradicação dessas epidemias até 2030, fixado pela ONU: "Se compararmos a curva em termos de novas infecções e mortes em relação àquela que deveríamos ter, devemos acelerar o passo", alerta Peter Sands, 57 anos, que assumiu a liderança da organização no ano passado.

Os riscos de descaso das autoridades sanitárias, a estagnação das despesas de ajuda internacional alocada à saúde e o desenvolvimento de doenças resistentes aos medicamentos poderiam afetar os avanços realizados e fazem temer um crescimento das epidemias.

Criado em 2002 como um parceria entre poderes públicos, sociedade civil, setor privado e doentes, o Fundo Mundial teme, em particular, casos de tuberculose resistentes aos antimicrobianos, estimados em 600.000 em todo o mundo.

A tuberculose multirresistente, com uma taxa de mortalidade de 50% comparável à do ebola, é diagnosticada em apenas um quarto dos casos e é extremamente difícil de conter e tratar. "Se você pensar em ameaças à segurança sanitária global, aqui a luz vermelha deve acender", diz Sands.

Neste contexto, o Fundo Mundial pretende captar US$ 14 bilhões para o período 2020-2022, US$ 1,8 bilhão a mais que o montante arrecadado para 2017-2019. Um orçamento que as ONGs criticam como claramente insuficiente.

Em sua ação, a organização tem a tarefa de formar parcerias com empresas privadas que vão além da doação, especialmente na África Subsaariana, onde estão concentrados dois terços dos investimentos do Fundo Mundial.

A multinacional Unilever utiliza assim a reputação de seus produtos higiênicos da marca Dove para a prevenção do HIV entre os adolescentes e mulheres jovens na África do Sul, populações mais vulneráveis ao vírus.

Em vários países africanos, o Fundo Mundial também usa o poder e a experiência da rede de distribuição da gigante de bebidas Coca-Cola para levar remédios a clínicas isoladas.

"Em lugares remotos na maioria dos países, você pode encontrar uma Coca-Cola, não é? Utilizar seus caminhões, sua cadeia de fornecimento nos ajuda a transportar medicamentos para lugares onde as pessoas precisam deles", afirma Sands.

Colaborações originais neste meio: "A parceria com o setor privado não é forçosamente natural para os atores do setor da saúde. Há muitas desconfiança e incompreensão" entre as duas partes, reconhece Peter Sands, ele mesmo ex-CEO do banco britânico Standard Chartered.

amd/plh/mr

Tags:

aid | epidemia | França | Sa?de