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Falha da nave Soyuz provoca evacuação de emergência de dois astronautas

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O astronauta americano Nick Hague e o cosmonauta russo Alexei Ovichinin retornaram ilesos à Terra nesta quinta-feira (11), depois que sua nave teve um problema no motor pouco após a decolagem rumo à Estação Espacial Internacional (ISS).

Apenas dois minutos depois da decolagem, um dos motores do Soyuz falhou e obrigou os dois tripulantes a retornarem de modo urgente para a Terra, ao invés de prosseguirem com a viagem até a ISS.

"No momento da decolagem da nave Soyuz MS-10 aconteceu algo incomum. Os sistemas de emergência foram ativados, a nave aterrissou no Cazaquistão. A tripulação está viva e o contato foi estabelecido", informou a agência espacial russa Roskosmos em um comunicado.

"Nós os recuperamos", afirmou pouco depois uma fonte da Roskosmos aos jornalistas na base de Baikonur, no Cazaquistão.

O problema aconteceu dois minutos depois da decolagem da Soyuz, que levaria os dois astronautas para uma missão de seis meses na estação orbital.

"Problema com os lançadores, dois minutos 45 segundos. Problema com os lançadores. Foi um voo rápido!", anunciou com calma Alexei Ovichinin, comandante a bordo do foguete Soyuz, durante a transmissão ao vivo da decolagem.

Este era o segundo voo espacial do cientista russo de 47 anos, que passou 172 dias no espaço em 2016.

"Aconteceu um problema com o motor poucos segundos depois da separação do primeiro nível da nave", afirmaram os analistas da Nasa.

No momento do incidente, Nick Hague e Alexei Ovichinin viajavam a quase 7.563 km/h e estavam a cerca de 50 km de altitude, segundo a Nasa. Sua cápsula, equipada com paraquedas, os trouxe de volta à Terra, mas os dois homens sofreram uma forte pressão.

Ambos os tripulantes foram resgatados minutos depois de sua aterrissagem e evacuados para Jezkazgan, uma cidade de 80.000 habitantes a cerca de 20 km de distância.

A Roskosmos publicou depois no Twitter uma foto dos dois tripulantes sentados, com médicos medindo sua pressão. Horas mais tarde, publicou duas fotos novas nas quais eles aparecem abraçando seus familiares e dividindo uma refeição.

De acordo com um fotógrafo da AFP, a decolagem aconteceu normalmente, mas "depois da separação do primeiro nível tivemos a impressão de que aconteceu uma espécie de brilho".

De acordo com uma fonte da Roskosmos citada pela agência russa Ria Novosti, a cápsula na qual estavam os dois astronautas se desacoplou automaticamente do restante do foguete após o incidente.

As imagens exibidas ao vivo mostravam os dois astronautas dentro da cabine, depois foram interrompidas como acontece geralmente, pois a câmera não pode acompanhar o foguete do lado de fora a partir de uma determinada altura.

O diretor da agência Roskosmos, Dimitri Rogozin, anunciou a abertura de uma investigação governamental para determinar as causas da falha, em uma mensagem publicada no Twitter.

Todos os lançamentos de voos tripulados foram suspensos para aguardar o resultado da investigação e a identificação dos problemas que provocaram o acidente, informou o vice-primeiro-ministro russo, Yuri Borisov, citado pela agência oficial TASS.

Stefan Beransky, editor da revista especializada Aerospatium e autor de um livro sobre os foguetes Soyuz, apontou que agora "o principal problema é que há duas pessoas a menos na estação" espacial.

"Enquanto aguardamos as conclusões da investigação russa, a Soyuz provavelmente ficará em terra algum tempo", disse à AFP.

O próximo voo para a ISS, onde estão atualmente três astronautas, o alemão Alexander Gerst, a americana Serena Aunon-Chancellor e o russo Serguei Prokopiev, está, em tese, previsto para dezembro.

O comitê de investigação russo anunciou a abertura de uma investigação criminal para determinar se as regras de segurança foram violadas durante a construção.

De acordo com a Ria Novosti, o último acidente deste tipo aconteceu em 23 de setembro de 1983.