A Vonpar, empresa que fabrica o leite Mu-Mu, anunciou nesta terça-feira que identificou a possibilidade da presença de formol em 18 lotes do produto disponíveis no mercado. Segundo a empresa, o leite com suspeita de adulteração foi comercializado no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. A produção dos lotes é estimada em 990 mil litros.
No início do mês, a Operação Leite Compen$ado, do Ministério Público, desarticulou um esquema de adulteração de leite no Rio Grande do Sul. A investigação mapeou que a fraude não estava sendo praticada pela indústria nem pelo produtor de leite, mas pelo transportador.
Os novos lotes sob suspeita são do leite Mu-Mu UHT Integral (veja na tabela abaixo) e foram fabricados entre janeiro e fevereiro de 2013. A Vonpar orienta os consumidores que tiverem comprado o produto a entrar em contato pelo telefone 0800 517 542 para realizar a troca.
Em nota, a empresa também esclareceu que “em março, apresentou e aprovou, junto ao Ministério da Agricultura, o Plano de medidas de controle e monitoramento da qualidade e conformidade, que garante um controle ainda mais rigoroso de qualidade de seus produtos”.
A operação?
As investigações do Ministério Público começaram em fevereiro deste ano e comprovaram que empresas gaúchas de transporte de leite adulteraram o leite cru entregue para a indústria. Uma das fraudes identificadas é a da adição de uma substância semelhante à ureia e que possui formol em sua composição. A adulteração consiste no crime hediondo de corrupção de produtos alimentícios, previsto no artigo 272 do Código Penal.
A simples adição de água, com o objetivo de aumentar o volume, acarreta perda nutricional, que é compensada pela adição da ureia – produto que contém formol em sua composição – e é considerado cancerígeno pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A fraude foi comprovada através de análises químicas do leite cru, onde foi possível identificar a presença do formol, que mesmo depois dos processos de pasteurização, persiste no produto final. Com o aumento do volume do leite transportado, os "leiteiros" lucravam 10% a mais que os 7% já pagos sobre o preço do leite cru, em média R$ 0,95 por litro.
O total de leite movimentado pelo grupo, no período de um ano, chega a 100 milhões de litros. Mais de 100 toneladas de ureia foram compradas pelos envolvidos para utilização na prática criminosa.
A Operação Leite Compen$ado foi deflagrada no dia 8 de maio e desarticulou o esquema de adulteração de leite. A investigação mapeou que a fraude não estava sendo praticada pela indústria nem pelo produtor de leite, mas pelo transportador.
Nove pessoas foram presas. Durante o cumprimento dos 13 mandados de busca e apreensão, foram recolhidos diversos caminhões utilizados no transporte do leite, cerca de 60 sacos de ureia, R$ 100 mil em dinheiro, uma régua com a fórmula utilizada para medir a mistura adicionada ao leite, revólveres e pistolas, soda cáustica, corantes, coagulantes líquidos e emulsão para obtenção de consistência, entre outros produtos e documentos. Até o momento, a Justiça aceitou a denúncia contra 13 envolvidos.