Jornal do Brasil
RIO - Emissões esporádicas de metano foram detectadas em vários pontos do planeta Marte, o que pode indicar uma atividade geológica ou mesmo a possibilidade de processos biológicos, segundo estudo publicado ontem na revista americana Science.
Na Terra, os organismos vivos produzem mais de 90% do metano presente na atmosfera, e os 10% restantes têm origem geoquímica. Em Marte, o metano pode ser um sinal de uma coisa ou outra , sugeriram os autores do trabalho.
Segundo Michael Mumma, principal autor do estudo e diretor do centro de astrobiologia do Goddard Space Flight Center, da agência espacial americana Nasa, o volume de emissões de metano observadas no planeta vermelho são comparáveis ao de sítios ativos da Terra.
Contudo, a origem dessas emissões de metano em Marte é um mistério , afirmam os cientistas, e ainda não se chegou a um consenso. As duas hipóteses origem geoquímica ou biológica são fundamentadas em fenômenos análogos conhecidos na Terra.
O metano não dura muito na atmosfera do Planeta Vermelho, por isso a fonte deverá ser recente. Uma outra alternativa é que Marte foi atingido há muito pouco tempo por um cometa que continha metano gelado.
Embora estes impactos sejam relativamente raros, cientistas calculam que o gás de um cometa com apenas 2% de metano seria capaz de persistir em Marte até um máximo de 2000 anos. Isto poderia produzir níveis atmosféricos de metano comparáveis aos que foram detectados.
Alternativamente, o gás poderá estar enterrado em misturas geladas de metano, talvez estando a ser libertado por água geotermicamente derretida que borbulha até à superfície através de poros e fendas naturais na crosta de Marte. Embora não seja nenhum sinal de vida, isto poderá indicar um local onde a vida poderia sobreviver.