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RIO DE JANEIRO - Integrando as comemorações pelos 180 anos do Observatório Nacional (ON/MCT) - um dos mais antigos institutos de pesquisa do Brasil , realiza-se a partir desta terça-feira (27) até quinta-feira (29), no Rio de Janeiro, o encontro O Futuro da Astronomia.
O evento, idealizado pelo astrofísico Luiz Nicolaci da Costa, será dividido em duas partes. A primeira, na terça e na quarta, será "A Glimpse into the Future of Astronomy" (Uma Impressão sobre o Futuro da Astronomia em tradução livre). A outra, na quinta, será "New Astronomy: The Data Chalenge" (A Nova Astronomia: o Desafio dos Dados). As inscrições estão sendo feitas, em separado, nos endereços eletrônicos www.on.br/glimpse e www.on.br/newastronomy.
"A Glimpse into the Future of Astronomy" terá palestras de cientistas responsáveis por alguns dos maiores projetos da astronomia mundial da próxima década, inclusive o novo telescópio espacial, que substituirá o Hubble. No total, serão apresentados 15 projetos que somam mais de US$ 10 bilhões em investimentos.
O objetivo é identificar oportunidades de colaboração brasileira e de fornecer subsídios para o planejamento de médio e longo prazos para o ON e para o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Até porque, para desenvolver esses projetos, esses cientistas tiveram que elaborar estudos detalhados que podem servir de subsídio para a definição de uma estratégia de investimentos para o Brasil.
-É raro ter uma reunião como esta, discutindo tantos projetos diferentes ao mesmo tempo. Certamente é uma oportunidade única para a astronomia nacional - diz Nicolaci
"New Astronomy: The Data Challenge" debaterá as necessidades de infra-estrutura na área da tecnologia de informação necessárias para lidar com a avalanche de dados gerada pelos projetos apresentados nos dois primeiros dias. Isso exigirá sistemas de armazenamento de grandes volumes de dados, processamento em grade, redes de alta velocidade e portais especializados para a eficiente exploração científica dos dados.
-A estrutura para fazer isso ainda está em desenvolvimento em todo o mundo, e talvez a melhor alternativa para um país como o Brasil contribuir, efetivamente, seja se especializando na produção de softwares. Isso envolve pessoas para analisar dados, em vez de desenvolver instrumentos, o que demanda uma base industrial ainda frágil no Pais - acredita Nicolaci.
Após concluir o pós-doutorado em física pela Universidade de Harvard, em 1979, Nicolaci passou a maior parte de sua carreira no exterior, trabalhando em instituições como o Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics e o European Southern Observatory (a organização européia para pesquisas astronômicas). Para ele, falta articulação para a comunidade astronômica brasileira.
-Há cinco instituições atuando na área de astronomia hoje no MCT, mas nenhum processo ou fórum para uma discussão integrada.
Segundo Nicolaci, a astronomia só está muito bem, sob o ponto de vista financeiro, nos Estados Unidos, graças a uma série de debates que começaram no início dos anos 1980, similar à que é proposta agora no Brasil. Conhecidos como "decadal surveys", esses debates passaram a ser realizados regularmente naquele país. Outro exemplo vem da Europa, com a recente publicação do documento "A Science Vision for European Astronomy".