Agência AFP
BARCELONA - O primeiro celular equipado com um software baseado em tecnologia Linux, chamado Android, produzido pela Google, fez sua estréia no mundo da indústria, nesta segunda-feira, durante o evento Mobile World Congress, em Barcelona.
- O que está acontecendo com o Android hoje é que nós estamos vendo um número de empresas de tecnologia demonstrando como o software funcionaria com a tecnologia deles - comentou o porta-voz da Google Barry Schnitt à AFP.
Embora a tecnologia exibida nesta segunda-feira seja um protótipo, especialistas e jornalistas estão tão ansiosos para experimentar o software que todas as demonstrações disponíveis foram reservadas na primeira hora do evento.
- É definitivamente muito promissor - comenta uma analista em pesquisa tecnológica americana. - Isso significa que nós devemos ver os aparelhos comerciais na segunda metade de 2008.
Ela enfatiza, no entanto, que "o caminho entre um protótipo e um aparelho comercial é muito longo".
O Google anunciou em novembro de 2007 um grupo com 34 membros chamado "Open Handset Alliance" (Aliança Aberta de Celulares, em tradução literal) responsável pelo desenvolvimento do Android, que incluía China Mobile, HTC, Intel, Motorola, Qualcomm, T-Mobile, Telefonica, LG e eBay.
As demonstrações realizadas para produtores de chip - ARM, Marvell, Texas Instruments, Qualcomm, NEC e ST Microelectronics - mostraram o software em funcionamento, confirmaram fontes e empresas.
- Nós estamos demonstrando um protótipo do Android - disse um porta-voz da ARM à AFP.
O Android é um software livre, se considerarmos que seu código seja disponível para pesquisadores construírem livremente aplicativos e atributos que funcionem em sua plataforma de operação.
A idéia do Google é que o Android leve a uma radical melhoria na funcionalidade, notadamente na navegação da web, resultando em um crescimento no número de pessoas que usam celulares para se conectar à Internet.
Atualmente, a navegação na Internet em telefones celulares ainda pode ser uma experiência frustrante, com softwares ruins e baixas velocidades de downloads.
- Existem poucos celulares que fornecem uma forte experiência na web - explica um representante do Google. - Conforme as pessoas usarem mais a web, eles irão mais ao Google, e nós poderemos vender mais publicidades relevantes.
Milanesi disse que o teste final do Android irá mostrar o quão facilmente seus aplicativos podem ser usados. - Ele deveria ter tudo que nós vemos no PC, não só encolhido para trabalhar em um telefone celular, mas realmente sendo adaptado para um telefone celular - ele disse.
O Android irá competir com o maior produtor de celulares mundial (Nokia), com a Microsoft e com um consórcio distinto que trabalha para desenvolver uma versão livre de soluções Linux.
O interesse do Google em uma nova plataforma vem do desejo da empresa em estabelecer sua marca em mercados emergentes. - Se você olhar para os mercados emergentes, as pessoas irão ser mais receptivas a ter sua primeira navegação na Internet em um telefone celular, não em um PC - disse Milanesi.
O Google surpreendeu analistas quando patenteou o Android em novembro do ano passado. Eles esperavam que o gigante da Internet anunciasse o lançamento de seu próprio gPhone, para competir contra o popular celular da Apple, o iPhone.
- Imagine não somente um único celular Google, ou um gPhone, mas milhares de gphones feitos por uma variedade de empresas - disse o chefe executivo da Google Eric Schmidt.
No entanto, esse pode ser o ponto fraco do Android. A tailandesa HTC e a americana Motorola são as duas principais empresas de telefones celulares na "Open Handset Alliance". - Para que o software se transforme em uma plataforma mundial, eles precisam que mais empresas participem - disse Milanesi.