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Glaciação se mantém em período quente da Terra

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Agência EFE

WASHINGTON - As grandes plataformas de gelo se mantiveram durante um dos períodos mais quentes da Terra, afirma um estudo divulgado pela revista 'Science'. A publicação indica que naquele tempo havia jacarés no Ártico, animais que atualmente habitam zonas tropicais do planeta.

Cientistas de Estados Unidos, Alemanha e Países Baixos dizem que as conclusões de seus estudos desafiam a crença de que as grandes geleiras não poderiam existir em um clima de "super estufa", no qual as temperaturas oceânicas médias oscilavam entre 35 e 37°C.

Em pesquisas paralelas, os cientistas afirmaram que encontraram provas de que durante o período Cretáceo e quando o planeta sofreu um reaquecimento também houve um período de glaciação de 200 mil anos. Nesse tempo, as plataformas de gelo do planeta eram cerca de 60% da Antártida atual e jacarés se reproduziam nas proximidades do Ártico.

As provas dessa contradição climática foram encontradas em sedimentos descobertos no fundo do mar, próximo à costa do Suriname, que continham carapaças de criaturas marinhas que viveram nos mares durante o período Cretáceo. Através do material encontrado, os cientistas conseguiram dados importantes sobre a temperatura, composição e salinidade da água. Com essa informação, os cientistas do Instituto Scripps de Oceanografia dos EUA reconfiguraram a temperatura marinha, tanto na superfície como nas profundezas.

Paralelamente, pesquisadores da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, e da Universidade de Colônia, na Alemanha, estudaram a composição das moléculas orgânicas desses sedimentos e encontraram provas similares das temperaturas da água superficial durante esse mesmo período. Segundo Thomas Wagner, da Faculdade de Engenharia Civil e Geociências da Universidade de Newcastle, os sedimentos marinhos tropicais forneceram as provas de que de fato houve grandes camadas de gelo durante curtos períodos do Cretáceo, "apesar de o mundo ser um lugar muito mais quente que agora".

Jaap Damste, professor do Instituto Real de pesquisa Marinha dos Países Baixos, disse que os resultados desses estudos coincidem com informação vinda dos EUA e da Rússia de que durante essa glaciação os níveis do mar caíram entre 25 e 40 metros. Isso acontece quando a água é absorvida na formação das plataformas continentais de gelo, enquanto o nível sobe como resultado do degelo.

Andre Bornman, que dirigiu a pesquisa do Instituto Scripps, informou que não se sabe em que lugar do planeta essas plataformas de gelo se formaram, mas disse que o estudo "demonstra que inclusive em climas muito quentes do Cretáceo o aumento de temperatura não chegou a impedir a formação de gelo".

No que seria uma conseqüência paradoxal, é possível que outros climas "estufa" do passado tenham contribuído para o aumento da quantidade de gelo ao elevar a umidade ambiente e criar maior precipitação de neve nas zonas elevadas e nas altas altitudes do planeta, acrescentou.