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Plásticas lideram processos contra médicos em SP

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Portal Terra

SÃO PAULO - A taxa de médicos especialistas em cirurgias plásticas processados no âmbito do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) é a maior entre 36 especialidades médicas, de acordo com o órgão.

Para chegar a essa conclusão, o Cremesp criou uma metodologia que leva em conta o número de médicos processados em cada especialidade, a quantidade total de médicos atuando em cada um desses setores e o tempo de atuação dos doutores. O número total de processos para cada especialidade não foi divulgado.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Douglas Jorge, afirmou que não poderia comentar um estudo ao qual ainda não teve acesso, mas que órgão tem sindicâncias internas para apurar desvios de "qualquer um que prejudique a imagem da Sociedade ou da especialidade".

Seguindo a metodologia do Cremesp, aparecem em segundo lugar a Urologia e depois a Cirurgia do Trauma, que realiza procedimentos cirúrgicos decorrentes, por exemplo, de acidentes de trânsito ou de trabalho e de atos de violência.

De acordo com o presidente do Cremesp, Carlos Henrique Gonçalves, um dos grandes problemas no ramo da cirurgia plástica é a propaganda enganosa e a promessa de resultados.

- Se um cirurgião te der absoluta garantia de que o procedimento ficará bom e disser que não há risco nenhum, procure outro médico - diz, ressaltando que toda atividade médica envolve riscos.

Gonçalves recomenda que os interessados em cirurgias plásticas consultem médicos indicados por conhecidos e que tenham feito especialização na área. O site do Cremesp (www.cremesp.org.br) oferece uma busca pelo currículo dos médicos a partir do nome ou do número de registro deles.

De 2003 para 2004, o número de denunciados subiu de 2.404 para 3.044. O aumento, segundo Gonçalves, ocorreu porque em 2004 o conselho passou a assinar revistas de estética e a fazer um levantamento de programas de televisão que prometiam cirurgias sem riscos.

O órgão encaminha agências de marketing reincidentes ao Conselho de Auto-regulamentação Publicitária (Conar), que já tomou medidas contra seus associados. Também há contatos individuais com veículos de comunicação.

No ramo da urologia, a propaganda enganosa e o uso de práticas não aprovadas pelo Conselho podem levar a processos. São exemplos disso muitas promessas de solução para casos de disfunção erétil e alongamento do pênis.

Os médicos processados pelo Cremesp podem receber cinco tipos de penas, que vão da advertência confidencial à cassação do exercício da profissão, passando por censura confidencial, censura pública e suspensão por 30 dias.

- Mesmo que o profissional faça outra faculdade, ele fica impedido de exercer a medicina. Devíamos ter punições intermediárias entre a suspensão e a cassação. É evidente que um médico não vai melhorar seis anos de formação deficiente em 30 dias - diz Gonçalves.