ASSINE
search button

Um bilhão sofre de problemas mentais e neurológicos, alerta OMS

Compartilhar

Agência EFE

BRUXELAS - Um bilhão de pessoas sofrem de doenças mentais e transtornos neurológicos no mundo todo, segundo um relatório divulgado hoje pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O relatório 'Transtornos neurológicos: desafios para a saúde pública' foi apresentado hoje em Bruxelas, primeira parada de uma campanha de conscientização sobre o tratamento e a prevenção destas doenças, que afetam um de cada seis habitantes do planeta.

Um dos objetivos do relatório é 'obter compromissos da classe política', motivo pelo qual a OMS apresentou hoje os dados do estudo diante do Parlamento Europeu. Este relatório, o primeiro a quantificar a presença e o efeito real destes transtornos no mundo, revela que 6,8 milhões de pessoas morrem a cada ano, vítimas de doenças e problemas neurológicos. A OMS se centrou na incidência de transtornos neurológicos que vão desde o Alzheimer à epilepsia, passando pelas embolias, enxaquecas crônicas, neuroinfecções, danos cerebrais, esclerose múltipla e diversos tipos de demências.

Para o coordenador deste estudo, José Manoel Bertolote, o fato de a epilepsia afetar 50 milhões de pessoas, e o Alzheimer atingir 24 milhões, não surpreende os especialistas, mas sim o restante da sociedade.

-A importância das doenças mentais está sendo subestimada, frente ao câncer ou a aids, apesar do alto número de vítimas registrado a cada ano - explicou Bertolote, que apontou o "envelhecimento da população e os maus hábitos no estilo de vida", como fatores que ajudam a aumentar a incidência destas doenças nos países desenvolvidos.

Em relação aos países em desenvolvimento, a OMS destacou o difícil acesso a tratamentos adequados como um dos obstáculos a serem enfrentados para diminuir o número de doentes.

A organização denuncia que na África existe um neurologista para cada 3 milhões de habitantes, ao tempo que, na Europa, essa proporção chega a um profissional para cada 100 mil cidadãos.

Para conter a extensão destes transtornos, a OMS recomenda que os cuidados neurológicos sejam integrados na assistência primária de saúde, e sejam de acesso fácil e rápido.

"As pessoas com problemas mentais vêem freqüentemente o neurologista como um especialista inatingível. Ele deve estar próximo dos doentes e de seus familiares', assinalou Bertolote.

A OMS também ressalta a importância da prevenção e a alta efetividade de alguns tratamentos de baixo custo.

-Não é uma questão de investir mais, apenas de reorganizar os recursos - explicou.

O presidente da Federação Mundial de Neurologia, Johan A. Aarli, destacou que a discriminação e a estigmatização destas doenças em algumas regiões do planeta dificultam os tratamentos. Aarli explicou que, na Tanzânia, como em outros lugares da África, as crianças que sofrem de epilepsia são isoladas do resto das pessoas, pela "vergonha" que causam a seus familiares.

-Isso traumatiza o doente, e impede que receba atendimento médico - acrescentou.

A OMS chamou a atenção para a importância da prevenção dos transtornos que podem ser evitados se diagnosticados a tempo, doenças que custam ¬ 139 bilhões anuais aos cofres europeus.