Jornal do Brasil
DA REDAÇÃO - Depois de um primeiro tempo burocrático, a segunda etapa da vitória brasileira por 5 a 1 sobre a Tanzânia, na segunda-feira, deu indícios de que Dunga tem no banco de reservas peças que podem mudar o panorama da partida quando entram em campo. Como a engrenagem da Seleção parecia ter problemas (principalmente defensivos), o treinador aproveitou o intervalo para colocar no jogo Josué, Ramires, Daniel Alves e Gilberto, que fortaleceram a marcação e melhoraram a saída de bola. Em comum, os substitutos têm a característica de atuar em mais de uma posição.
Com tantos polivalentes, Dunga comemora ter tantas peças à disposição para definir sua estratégia.
Temos jogadores com características variadas e no momento oportuno poderemos aproveitá-las explica o técnico.
A briga pela posição de titular na lateral esquerda, por exemplo, passa por dois jogadores que atuam em outra posição em seus clubes. Michel Bastos e Gilberto jogam no meio de campo no Lyon e no Cruzeiro, respectivamente. Questionado se poderia ser prejudicado por atuar de lateral, volante e meia, o que não fixaria seu nome para apenas uma posição, Gilberto refletiu a filosofia de Dunga.
Fui convocado como lateral. Minha posição na Seleção hoje é lateral. Mas versatilidade não atrapalha nunca disse Gilberto.
No amistoso contra a Tanzânia, Michel Bastos começou a partida e foi substituído por Gilberto. Diante do Zimbábue, ele marcou um gol.
Cheguei à Seleção como lateral, mas o que me fez ser convocado foi a polivalência admitiu Michel. Posso jogar em várias posições. No Lyon, fui meia-direita, esquerda e até atacante.
Dunga ainda tem a opção de improvisar o lateral-direito Daniel Alves na esquerda, como já fez em outras ocasiões inclusive na sofrida vitória por 1 a 0 sobre a África do Sul, pela semifinal das Copa das Confederações, no ano passado, quando Daniel marcou o gol da classificação em cobrança de falta.
Na segunda-feira, o meia Ramires entrou no intervalo no lugar do volante Felipe Melo. Além de melhorar a saída de bola da Seleção, o ex-jogador do Cruzeiro balançou as redes por duas vezes marcando seus primeiros gols com a camisa amarelinha.
Eu comecei como segundo volante, sempre joguei assim. Estou disposto a sempre fazer bem a função que me pedem explicou Ramires.
Na frente, tanto Kaká quanto Robinho atuam como meias ou atacantes. Quando foi eleito o melhor jogador do mundo, o camisa 10 da Seleção Brasileira atuava como segundo atacante pelo Milan. Falando como um estrategista, Dunga vê seus jogadores como peças de xadrez:
Podemos mudar a característica de um jogo diz o técnico. São variantes que poderemos utilizar dependendo do adversário e de suas características.
>> Os polivalentes
* Daniel Alves
Lateral-direito, ele já atuou pelo lado esquerdo e como meia. É um dos principais trunfos de Dunga.
* Maicon
Também já atuou como meia no Inter de Milão.
* Michel Bastos
Há muito tempo joga como meia no Lyon. Tem sido o titular da lateral esquerda de Dunga nos amistosos.
* Gilberto
Como seu concorrente na lateral esquerda, joga no meio de campo do Cruzeiro.
* Ramires
Volante habilidoso no início de carreira, ele acabou migrando para a meia por causa de sua qualidade.
* Josué
É outro que pode atuar mais recuado ou na meia.
* Elano
Já atuou como volante, meia e lateral no Santos, Galatasaray, Manchester City e na Seleção.
* Kleberson
Importante figura na conquista de 2002, tanto pode jogar como volante ou como meia.
* Kaká
Atua como meia e segundo atacante.
* Robinho
Atacante, pode jogar um pouco mais recuado.