Thomas Korontai, Jornal do Brasil
RIO - Notícias vindas da Europa mostram que a centralização política e econômica do Velho Continente pode ser uma catástrofe. Segundo nota captada na internet (Opinião & Notícia), Albert Edwards, estrategista do banco francês Société Générale avisou, em nota para investidores, que o colapso do euro seria inevitável . De acordo com Edwards, a decisão da União Europeia de salvar a economia grega não é uma solução, e apenas esconde falhas fundamentais no bloco.
A disparidade de competitividade entre os países-membros é um dos gargalos que colocam em risco o principal elemento da União. Países mais fracos poderiam desvalorizar suas moedas para aumentar artificialmente sua competitividade, como esperam muitos exportadores brasileiros. Ao que parece, não é só aqui que as verdadeiras causas são ignoradas.
Mas está claro que as tentativas de centralização em qualquer lugar do mundo não dão certo. As ideias de União Europeia não deveriam passar da criação de uma confederação de países, de maneira que pessoas e produtos possam ter livre trânsito, mesmo com diferenças tributárias ou de moedas. Uma confederação de países poderia permitir, como de fato até ocorre, a livre troca de moedas, pagamentos e operações bancárias em qualquer moeda da comunidade. Isso fortaleceria a comunidade, e crises localizadas em um ou mais países não afetariam todo o resto.
Agora, com a centralização em curso, a Europa já vive os riscos de crises locais que se tornam sistêmicas. Aprenderão a lição? Não se sabe se ainda se poderiam promover alterações nos tratados que levaram à União que força uma igualdade de todos os 27 países da região. Talvez sim. Percebe-se que a Inglaterra, cuja base cultural é descentralizadora e o culto à liberdade é levado a sério e que deu origem à cultura que se propagou na sua colônia americana, tornando-a a nação mais poderosa do planeta até o momento , não aderiu à moeda única, mantendo a sua libra não apenas por tradição, mas por ter noção de que algo poderia dar errado.
Uma União de países é excelente para, além das fronteiras abertas, harmonização de procedimentos legais em determinados setores como pesos e medidas, propriedade intelectual e trâmite de documentos, mas sempre com cuidado de não interferir nas políticas de cada país, pois as diferenças são grandes, mesmo no continente europeu. Não há como forçar a equalização de culturas, idiomas, etnias, modos de vida, enfim, tudo que compõe os respectivos estratos nacionais de todos os 27 membros da União. Bem fizeram a Suíça e a Inglaterra de ficarem fora disso. E uma boa lição para os países da zona do Mercosul. Federalismo pleno de autonomias regionais e locais é, sem dúvida, pela mais simples lógica, a solução para um mundo mais harmonizado.
Thomas Korontai é presidente nacional do Partido Federalista (em formação). www.federalista.org.br