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Contra interferências na Vale

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Francisco Dornelles, Jornal do Brasil

RIO - De 1943 a 1997, no período em que foi estatal, a Vale produziu em média 35 milhões de toneladas por ano, passando a 165 milhões depois da privatização e a 221 milhões no período 2001 a 2008. As exportações se multiplicaram em quase cinco vezes em valores monetários comparáveis. Os dividendos pagos à União triplicaram, e os impostos pagos aumentaram 22 vezes. Estes números todos ganharam expressão ainda maior nos anos recentes, a partir de 2001. A Vale empregava 15 mil funcionários em 1997; hoje, são mais de 62 mil empregos diretos.

No dia de sua privatização em 6 de maio de 1997, a Vale foi valorizada em US$ 10,4 bilhões. Quatro anos depois, em 15 de março de 2001, seu valor era menor: US$ 9,2 bilhões. Nesse período, o preço de seu principal produto, o minério de ferro, manteve-se rigorosamente estável. Ou seja, o valor da Vale em 1997 manteve-se por quatro anos numa ordem de grandeza que correspondia efetivamente às percepções do mercado de então.

Hoje, a Vale tem um valor de mercado de US$ 115 bilhões, mesmo depois da crise que derrubou as ações das companhias no mundo todo. De fato, o preço do seu principal produto teve um expressivo crescimento desde 2001, multiplicando-se por 2,8 vezes. Não explica, porém, a multiplicação do capital da Vale em quase 11 vezes no mesmo período. Essa valorização deve-se à estratégia de crescimento da companhia adotada desde 2001 e à eficiência de sua gestão.

Entre 1970 e 2001, o investimento médio da companhia situou-se em cerca de US$ 738 milhões de dólares por ano a preços de 2008, tendo evoluído para US$ 4,5 bilhões em média nos últimos oito anos, atingindo a cifra de US$ 10,2 bilhões apenas no ano de 2008, quase totalmente em investimentos diretos.

A Vale se transformou em uma empresa global, adquirindo empresas não apenas no Brasil, mas também em outros países. Isso não é mau para o país; ao contrário, fortalece a empresa nacional. Hoje, 84% dos empregos da Vale estão no Brasil e as compras de insumos e equipamentos no país cresceram 127% nos últimos 4 anos.

A Vale não se preocupa somente com a extração e exportação de matérias primas minerais. Além de diversificar sua produção para outros minerais, como o cobre e o níquel, a Vale investiu pesadamente em plantas de pelotização que agregam valor à exportação e, principalmente, vem investindo e induzindo o investimento na produção de aço no país aumentando o valor agregado de nossas exportações. Nos últimos anos, a Vale atraiu para o Brasil US$ 17,3 bilhões em novos projetos siderúrgicos.

Em uma economia de mercado é válido a disputa e rotineiro o conflito de interesses nas empresas. Nesses conflitos, entretanto, não deve o Governo tomar o partido de qualquer das partes envolvidas.

A imprensa tem noticiado que o senhor presidente da República desejaria interferir em assuntos relativos à administração da Vale.

Entretanto, o espírito público e o respeito à empresa privada que caracterizam o presidente Lula não podem confirmar esse tipo de notícia.

A intervenção do governo em problemas específicos de uma empresa privada seria motivo da maior insegurança para aqueles que desejam investir e produzir no país.

* Discurso pronunciado ontem no Senado federal

Francisco Dornelles é senador (PP-RJ).