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Saiba os "malabarismos" dos clubes para repatriar craques

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Dassler Marques, JB Online

DA REDAÇÃO - O que Matías Defederico, Ronaldo e Vagner Love têm em comum? Grandes contratações de Corinthians e Palmeiras para este ano, os três chegaram a seus clubes não só pelas mãos dos respectivos departamentos de futebol, mas também com as atuações, de certa forma inovadoras, dos departamentos de marketing dos dois clubes.

A negociação para a importação do argentino Defederico, no Corinthians, foi conduzida essencialmente pelo marketing, liderado pelo vice-presidente Luís Paulo Rosemberg. O ponto principal para tirá-lo do Hucarán foi uma garantia financeira da Nike, fornecedora de material esportivo do clube. A empresa, que recentemente ampliou seu vínculo com os corintianos até 2014, serviu como fiadora para o negócio, algo inédito na realidade do futebol brasileiro.

- A experiência começou com o Ronaldo, deu muito certo, e se repetiu com o Defederico. Conseguimos trazer a Nike como garantidora da operação, conseguimos conduzir negociações separadas com os diversos proprietários de cotas dele - explicou Rosemberg ao Terra.

Defederico chegou ao Corinthians por aproximadamente US$ 4,5 milhões (cerca de R$ 8,1 milhões), o que exigiu um empenho grande. - Quando o marketing entra, a negociação fica mais demorada porque tem que ser bem feita e fazemos de uma forma amarrada e profissional.

Ronaldo e Love

No caso de Ronaldo, a atuação do departamento de marketing foi no sentido de garantir receitas a partir da imagem do atleta, criando produtos novos e ampliando os contratos de patrocínios. Os rendimentos novos ajudam a pagar os vencimentos do camisa 9, cujo ordenado inicial é de aproximadamente R$ 450 mil.

Na opinião de Jorge Avancini, vice de marketing do Inter, sem o departamento corintiano, Ronaldo dificilmente teria chegado ao Parque São Jorge. - A atuação do marketing foi mais importante que a do futebol. Foi uma grande sacada e você não mensura a exposição que o clube teve ao contratá-lo e com a venda de produtos.

Com Love, o Palmeiras agiu de forma um pouco semelhante. Jogador de ponta, carismático e identificado com o clube, o atacante permitiu ao departamento de marketing desenvolver projetos que tragam novas fontes de receita e ajudem a pagar os vencimentos do reforço, como explica o diretor do marketing palmeirense, Rogério Dezembro.

- O trabalho que a gente vem desenvolvendo é no sentido de gerar recursos para que o futebol possa realizar as contratações que ache necessário. No caso do Love, nós fomos de fato envolvidos, levantamos algumas possibilidades, e participamos disso ativamente. Há a previsão da entrada de novas receitas e eventos que venham gerar dinheiro novo - diz.

Parceria incipiente

A união entre os departamentos de futebol e marketing, em um clube, para contratar jogadores, é algo relativamente novo no Brasil, em que há inclusive alguns clubes que sequer têm os seus setores de marketing devidamente estruturados, como é o caso do Atlético-MG. De acordo com Jorge Avancini, do Inter, é preciso caminhar ainda mais nesse sentido.

- Até o jogador chegar ao clube, muitas vezes nós sequer temos conhecimento. O Inter, nessa área, ainda não conseguiu chegar a um patamar mais avançado, em ter uma discussão maior do marketing com o futebol. Não pode mais o marketing ser desassociado, porque se perde receita. O jogador não pode aparecer de surpresa, porque você não se organiza e não potencializa aquele reforço- diz.

Sobre a chegada de reforços, Rosemberg assegura que o marketing não interfere no trabalho do departamento de futebol. - Somos considerados analfabetos em matéria de futebol. Ninguém nos pede palpite e faz muito bem. Mas decidida a compra de um jogador mais caro, complexo no processo de negociação, temos familiaridade com instrumentos financeiros que o futebol não tem - explica.

- Espero que nos chamem numa próxima. Quem sabe, para trazer o Riquelme - brinca Rosemberg.