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Orientação essencial

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Pedro Tauil *, Jornal do Brasil

RIO - A automedicação é sempre muito perigosa porque todo remédio apresenta eventos adversos, a começar pelas contraindicações e os efeitos colaterais indesejados. Quando você toma uma aspirina, por exemplo, pode ter um sangramento interno, ou uma gastrite, que é um efeito colateral ao remédio. Alguns têm mais, outros têm menos, mas trata-se de um problema que pode acontecer e, por isso, deve ser evitado, com a consulta prévia de um médico.

Além desses efeitos colaterais, porém, há outros fatores que devem inibir a automedicação. Por exemplo, um, medicamento, quando associado com outro, pode ter efeitos inesperados, algo que tem um risco muito maior de acontecer se você tomar remédios por conta própria.

O uso de um remédio deve ser receitado por um médico, porque ele é o profissional que conhece esses possíveis efeitos indesejados. Primeiro, pode haver interferência do princípio ativo de um remédio sobre o outro, anulando ou reduzindo o efeito benéfico.

Em segundo lugar, essa interferência também pode acabar aumentando o efeito colateral tóxico de ambos.

Finalmente, em caso de antibióticos, antivirais, antibacetrianos e antparasitários, se você não tomar a quantidade certa no tempo certa determinado pelo médico, o que acontece? O organismo causador da doença adquire resistência e ele acaba perdendo a eficácia.

Vemos, por exemplo, os casos da África e da Rússia, onde se verificou grande quantidade de pessoas com resistência a medicamentos contra tuberculose. Os remédios não estão agindo mais nessas pessoas porque a tuberculose é uma doença em que o tratamento tem que ser estritamente fiel à duração ou perde o efeito.

Isso pode acontecer porque a pessoa não tem dinheiro e não há distribuição pública, mas também porque ela toma durante um tempo, melhora e acha que já está boa o que a consulta com médico evita.

Então, assim como identifico três grandes riscos na automedicação, indico três pontos que considero essenciais na medicação. Primeiro, remédios devem ser toma

dos o menos possível. Segundo, o uso deve ser feito somente com orientação médica. Por fim, deve-se tomar no tempo indicado pelo médico, senão vira automedição e voltam os riscos.

* Infectologista, professor da UNB