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RIO - Sobrecarga na rede pública pode ser amenizada com dose certa de informação
Seis polos de atendimento a pacientes com suspeita de gripe suína montados de forma emergencial pela Prefeitura do Rio devem começar a funcionar até sexta-feira nos hospitais Souza Aguiar, Miguel Couto e Lourenço Jorge, e nos bairros de Santa Cruz, Campo Grande e Méier. Trata-se de uma tentativa de amenizar os efeitos da explosão dos casos da doença no Brasil, reforçada pela chegada do inverno. Ainda confusa sobre a diferenciação entre a gripe comum e a influenza A (H1N1), a população busca ajuda médica nos hospitais públicos o que traz à tona novamente as debilidades do sistema de saúde nacional e a necessidade de mais informação.
Conforme noticiou ontem o Jornal do Brasil, o Hospital Universitário Pedro Ernesto, um dos quatro hospitais do Rio de Janeiro apontados pelo Ministério de Saúde como centro de referência no tratamento da gripe suína, não tem atendido os pacientes. Por falta de uma área isolada para cuidar dos contaminados e sem material para fazer os exames, o hospital acaba por servir meramente como um entreposto , encaminhando a demanda para as outras três unidades de referência: o Hospital Clementino Fraga Filho, no Fundão; o Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (Iaserj); e o Hospital Evandro Chagas, no campus da Fiocruz.
Paralelamente, a Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores esteve no Hospital Souza Aguiar na segunda-feira para uma vistoria, que constatou de perto as deficiências do setor. Uma sala totalmente preparada para receber pacientes infectados (com poltronas, equipamento de respiração artificial e máscaras) permanece fechada por falta de médicos. Para que a sala funcionasse a contento, seria necessária a contratação de cerca 50 pediatras e outros 50 médicos clínicos e o mesmo número de profissionais de enfermagem, segundo cálculos do sindicato da categoria. Informado da fiscalização, o prefeito Eduardo Paes garantiu já ter autorizado contratações emergenciais . A Comissão também verificou nos estoques do hospital a ausência do medicamento Tamiflu, indicado para o combate à nova cepa da gripe. Como a medicação deve ser ministrada em até 48 horas após surgirem os primeiros sintomas, é fundamental que esteja à mão dos profissionais, pois a logística de transporte pode demorar demais e custar vidas.
Enquanto isso, a pandemia de influenza A continua em progressão já provocou 700 mortes ao redor do mundo, 20 delas no Brasil. Ainda assim, seu grau de letalidade (a proporção de óbitos em relação ao número de infectados) ainda é mais baixo que o da gripe comum daí porque se deve evitar o pânico em torno da doença, mas elevar o grau de conscientização quanto aos riscos e às formas de prevenção. Nesse sentido, a prefeitura reforçou ontem mesmo a campanha para tirar dúvidas da população, com cinco postos da Defesa Civil montados para esclarecimentos e distribuição de folhetos explicativos.
Não se pode culpar o cidadão pela sobrecarga na rede pública, mas há como minorar seus efeitos com a dose certa de informação. Caso consiga discernir a gripe comum da variação mais recente, o paciente buscará auxílio médico apenas quando necessário, evitando assim a rotina da espera e o calvário das filas.