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Expansão deve estimular mercado de capitais

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SÃO PAULO, 22 de maio de 2009 - O forte crescimento das captações dos fundos privados de previdência contribuirá para fomentar o mercado de capitais brasileiro. A análise é de Marcelo d'Agosto, diretor do site Fortuna. "As empresas que têm planos de emitir debêntures, por exemplo, encontram potenciais investidores entre os fundos de previdência, abertos e fechados, que precisam de ativos de qualidade para compor suas carteiras." Os fundos de pensão, aliás, possuem participações relevantes em várias das principais empresas brasileiras de capital aberto, entre elas a recém-criada Brasil Foods, resultado da fusão entre Perdigão e Sadia.

De acordo com D''Agosto, o avanço dos fundos privados é natural. Primeiro, pela natureza aberta dos planos, enquanto as fundações em geral estão restritas às captações de funcionários de uma única organização. Outro ponto favorável aos produtos oferecidos nas agências bancárias é o ciclo em que se encontram. "Enquanto a maioria das fundações possui planos antigos, muitos deles na fase de pagamento do benefício, os VGBLs e PGBLs são novos e ainda estão captando."

Conforme os dados compilados no estudo realizado pelo Fortuna, a diferença entre Petros e Bradesco, que era de R$ 9 bilhões em 2005, praticamente desapareceu. A distância entre Funcef (dos funcionários da Caixa Econômica Federal) e Itaú foi eliminada em função tanto do crescimento da instituição quanto da incorporação da seguradora do Unibanco. Caso a tendência se mantenha, os bancos assumirão ainda este ano a segunda e a quarta colocações entre os administradores de recursos de previdência complementar.

D'Agosto destaca como ponto positivo dos fundos privados a maior facilidade no acompanhamento da carteira. "As informações sobre a cota, entrada e saída de recursos estão disponíveis diariamente na CVM (Comissão de Valores Mobiliários)", diz.

Crescimento na crise

Para o diretor-geral da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio Conduru de Oliveira, o crescimento do setor se manterá expressivo, inclusive neste ano de provável retração econômica. Para ele, os produtos de previdência souberam se apresentar como uma opção de investimento de longo prazo, em um momento de aquecimento da economia e expectativa de envelhecimento da população, que naturalmente aumenta a preocupação para a formação de poupança. "Mas quando olhamos países com perfil semelhante ao nosso, como Índia e China, acreditamos que ainda não conseguimos atingir plenamente o público potencial", afirma. Segundo o executivo, um dos principais desafios das empresas do setor é a qualidade da oferta dos produtos aos potenciais clientes.

O diretor do Fortuna também chama a atenção para o elevado grau de concentração da previdência privada. Do total de recursos, 75% estão aplicados nas três principais instituições do setor: Bradesco, Itaú Unibanco e Brasilprev - ligada ao Banco do Brasil. "Em um momento com tantas consolidações, inclusive no setor financeiro, é de se perguntar se é melhor ter um mercado com poucas empresas e grandes volumes ou o contrário", pondera.

(Vinícius Pinheiro - Gazeta Mercantil)