Editorial, Jornal do Brasil
RIO - Depois de oito anos de retrocessos da administração George Bush no tocante ao meio ambiente, o novo presidente, Barack Obama, no quarto mês de governo, trouxe uma notícia digna de aplausos. Reunindo num mesmo esforço sindicalistas, montadoras e ambientalistas, Obama lançou um plano com metas ambiciosas para reduzir as emissões de carbono produzidas por veículos uma das principais fontes de gases do efeito estufa. Com o ato, que ainda depende de aprovação da Agência de Proteção Ambiental e do Departamento de Transportes, o presidente cumpre uma promessa de campanha e reafirma a importância do combate ao aquecimento global na nova agenda americana.
As regras anunciadas esta semana, que passarão a valer a partir de 2012, preveem corte de 30% nas emissões de automóveis e caminhões leves até 2016. Os veículos também deverão apresentar um padrão de eficiência de 15,4 km por litro de combustível algo bastante restritivo para os carros fabricados nos EUA, mundialmente famosos por serem beberrões tanto na estrada quanto em ambiente urbano. Pelos cálculos do governo, isso economizará 1,8 bilhão de barris de petróleo durante toda a duração do programa (o equivalente a retirar 58 milhões de carros das ruas durante um ano). A redução da dependência americana do petróleo, aliás, foi ressaltada por Obama tanto quanto os efeitos ambientais decorrentes da medida.
O status quo não é mais aceitável , afirmou Obama, durante o anúncio do plano, na Casa Branca. Fizemos pouco para aumentar a eficiência do combustível nos carros e caminhões dos EUA durante décadas , reconheceu, acrescentando que os novos padrões marcam o início da transição para uma economia de energia limpa.
Até as montadoras elogiaram as medidas, comprometendo-se a acatá-las. A indústria automobilística dos americanos vinha resistindo às mudanças. No entanto, diante da crise econômica e do fato de terem de contar com ajuda do governo, as companhias passaram a apoiar as novas regras que, no entanto, acarretarão custos ao consumidor. O preço de novos veículos deve aumentar em pelo menos US$ 1.300 (cerca de R$ 2.670) até 2016. O presidente disse que os usuários vão recuperar o dinheiro graças a melhor performance dos carros. Segundo a estimativa de Obama, durante a vida de um veículo, o motorista típico vai economizar cerca de US$ 2.800 por ter um melhor rendimento. De fato, o setor mais afetado será o das refinarias de gasolina, já muito prejudicadas pela atual crise econômica. Ressalte-se que o anúncio das medidas se deu em meio ao segundo aumento semanal consecutivo do preço da gasolina nos EUA.
A luta para melhorar a eficiência da frota americana começou no estado da Califórnia, que tentou criar leis próprias sobre o rendimento dos veículos, mas vinha sendo contestado judicialmente pelas montadoras. O governo Obama disse que a Califórnia deve ceder à nova política federal e, em troca, os processos serão retirados pela indústria automotiva.
Seria interessante e oportuno que outros países ao redor do globo adotassem medidas de igual teor. Pelo bem do meio ambiente e das futuras gerações.