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Ação e informação para evitar o pior

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Editorial , Jornal do Brasil

RIO - Em meio à propagação global da gripe suína, dobram as responsabilidades das autoridades de saúde mundo afora. Se por um lado não podem espalhar pânico entre a população, tampouco devem esconder informações nem tardar nas ações. Alcançar esse delicado equilíbrio, por ora, parece ser a maior dificuldade do governo brasileiro que vem tomando ações consideradas corretas, mas ainda tímidas, na opinião de especialistas. Falta divulgar de forma mais clara e ampla, à maioria da população (e não só aos viajantes), como agir em caso de contágio.

Num momento em que a doença eleva seus números de forma exponencial (já são mais de 50 mortos no México desde o início do surto, em fins de março, e quase uma centena de casos confirmados em outros sete países ao redor do globo), torna-se quase impossível conter a chegada do vírus ao Brasil mas há como impedir que, uma vez aqui, ele se difunda de maneira avassaladora. A tarefa não é simples. Cerca de 6 mil passageiros desembarcam diariamente em solo brasileiro vindos de países da América do Norte. Só dos EUA, são 19 voos diários para Cumbica (SP), dois para o Rio de Janeiro, dois para Manaus, um para Fortaleza e um para Salvador. Provenientes do México, há dois voos diários para São Paulo.

Ainda ontem, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que todas as aeronaves provenientes da América do Norte estão sendo desinfectadas ao pousarem nos aeroportos brasileiros. Os passageiros destes voos serão inspecionados, segundo a Anvisa. Além disso, panfletos são distribuídos nos aeroportos contendo as informações básicas sobre a enfermidade e os meios de contágio. Empresas aéreas nacionais e internacionais também estão sendo alertadas por técnicos da agência para que, em caso de suspeita da doença, anotem os dados do passageiro para possibilitar uma investigação posterior.

Oficialmente, a gripe suína não chegou ao Brasil. O Ministério da Saúde informou que há 20 casos de pessoas com suspeita de contaminação, em oito estados do país (no Rio de Janeiro, são dois casos). Segundo o ministério, todos os possíveis pacientes estão sendo monitorados, e há 51 hospitais em todos os estados e no Distrito Federal preparados para atender a eventuais casos confirmados.

Especialistas consultados pelo Jornal do Brasil avaliaram positivamente as medidas adotadas pelo governo brasileiro até agora. Os médicos foram unânimes em afirmar que não há motivo para pânico pelo menos até que seja confirmado o primeiro caso da doença. A partir desse momento, explicam, mais do que as medidas adotadas, a população terá papel fundamental no controle da disseminação do vírus no país. Ainda de acordo com os especialistas, os próximos 15 dias serão cruciais para as autoridades sanitárias impedirem a entrada ou a disseminação do vírus no Brasil (devido ao período de incubação do mesmo). Por isso, o monitoramento de todos os passageiros vindos de países com registro de pessoas infectadas pode diminuir a vulnerabilidade da população brasileira. Com ação, informação e o envolvimento de toda a sociedade, a detecção precoce permitirá que se tomem providências rápidas e que o perigo seja mitigado.