Editorial , Jornal do Brasil
RIO - A colisão de um automóvel e três motos no Elevado do Joá, ontem pela manhã, pôs às claras, uma vez mais, a situação extrema a que chegou o trânsito na cidade. O acidente, ocorrido por volta das 7h, deixou um morto, dois feridos, um engarrafamento quilométrico que se estendeu até depois de meio-dia e a angustiante sensação de que se nada for feito com urgência as principais vias públicas do Rio estarão intransitáveis muito em breve.
Com a paciência já esgotada nos sucessivos congestionamentos a que é exposto diariamente, o carioca clama por obras viárias de porte, que lhe permitam o pleno direito de ir e vir, ou pelo menos um plano de contingência que lhe socorra em situações de emergência como a de ontem. Diante do vácuo de ações mas embalado na promessa dos novos governantes (a expansão do metrô até a Barra e a criação do Corredor T5 voltaram à agenda da prefeitura), o cidadão sonha com o dia em que possa ter um tráfego mais fluido e um trânsito mais humano.
Peritos ainda vão esclarecer as responsabilidades pelo acidente de ontem. Acredita-se que a falta de sinalização quanto à faixa reversível no viaduto tenha confundido o motorista, que tomou a contramão. De todo modo, além do luto da família do motociclista, a colisão reforça o apelo publicado neste mesmo espaço na segunda-feira, quando foi tratada a questão do elevado número de vítimas de desastres nas estradas federais durante o Carnaval (de acordo com a Polícia Rodoviária Federal, 127 pessoas morreram no trânsito entre os dias 20 e 25 do mês passado, diante dos 128 óbitos verificados nos cinco dias pesquisados no ano anterior). À parte as políticas públicas (campanhas educativas, fiscalização e manutenção das vias) há de se ter uma educação muito particular dos novos e antigos motoristas quanto às formas de prevenção dos acidentes e redução de seus efeitos e, claro, fazer valer a obediência à Lei Seca nas ruas e estradas.
Quanto aos bons condutores que, sem dúvida, são milhares no Rio de Janeiro estes merecem ver cumpridas as recentes promessas do prefeito Eduardo Paes, relembradas por ele mesmo durante a abertura dos trabalhos da Câmara Municipal, no mês passado. Entre as prioridades relativas ao tráfego, constam a concretização do T5 (o corredor exclusivo de ônibus, com 28 quilômetros de extensão, ligando a Barra à Penha, e que atenderá a uma demanda estimada em 350 mil passageiros por dia) e a ampliação do metrô até a Barra (com a construção da linha 4). Ambas as obras visam adaptar a cidade à Copa do Mundo de 2014. Mas serão bem-vindas o quanto antes.
Enquanto os projetos não saem do papel, é imprescindível a conclusão do plano de emergência prometido pelo prefeito há duas semanas, quando um caminhão da Comlurb tombou no Túnel Rebouças, provocando imensos transtornos à cidade. Na ocasião, Paes pediu desculpas à população pelo caos provocado no trânsito e informou que a CET-Rio apresentaria em 30 dias um plano de contingência, a ser colocado em prática em situações emergenciais. O prazo se aproxima do fim. O cidadão-contribuinte conta os dias para livrar-se do martírio.