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O novo campus da UFRJ

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Ericksson Rocha e Almendra *, Jornal do Brasil

RIO - A Universidade Federal do Rio de Janeiro está por dar à cidade do Rio de Janeiro um novo marco urbanístico: seu novo campus, sua nova Cidade Universitária.

No final da década de 50 algo semelhante já ocorreu. A atual Cidade Universitária estava em construção. Vários de seus prédios receberam prêmios arquitetônicos, a começar por aquele em que hoje está instalada sua Reitoria, a Escola de Belas Artes e a Faculdade de Arquitetura, que ganhou o primeiro prêmio na categoria de prédio público na Bienal de Arquitetura de 1957. Projetado por Jorge Machado Moreira, o prédio ainda hoje causa impacto nos que o visitam pela sua beleza, grandiosidade, arrojo e luminosidade de seu hall de entrada e jardins de Burle Marx.

Na década de 60 as verbas decaíram e os prédios então construídos tiveram seu padrão arquitetônico e de construção bastante reduzidos. A década de 80 viu o último de nossos prédios, a Faculdade de Letras, ser construído e as verbas minguarem até virtualmente desaparecerem por duas décadas. A Cidade Universitária teve sua construção abortada, degradou-se, e a UFRJ deixou para trás, em abandono forçado, grande parte de suas faculdades a ocuparem prédios antigos, espalhados pela cidade, já sem qualquer condição de suportar as modernas exigências de uma universidade como a nossa.

Agora as verbas começam a voltar e há a possibilidade concreta de aumentarem ainda mais com a implantação, já iniciada, do Reuni, o programa de reestruturação de universidades do MEC. Com isso, a UFRJ resolveu ousar e mudar radicalmente o seu campus, concebido há mais de 50 anos. O projeto está sendo finalizado e prevê inovações que terão grande impacto interno e externo. A mais importante é a integração pretendida com a cidade do Rio de Janeiro. Vamos deixar de ser um ponto isolado, um fundão, e nos integrar à cidade, como um bairro, sendo um pólo de atração cultural e de lazer. Não faltarão centros culturais, cinemas, teatros, bibliotecas, museus, estádios esportivos, restaurantes e passeios em torno da belíssima orla norte de nossa ilha.

Mas as mudanças serão também para os habitantes da Cidade Universitária. Seis pólos de convivência direcionam o projeto. Em torno de cada um haverá uma residência universitária (mais de 5 mil alunos, mas também professores e servidores poderão aqui residir), bibliotecas, restaurantes universitários (os bandejões), centros culturais e esportivos, bares e restaurantes, além, é claro, das faculdades e escolas. A idéia é tornar a vida universitária a mais prazerosa possível pela valorização dos aspectos vivenciais do projeto.

A circulação de carros será fortemente desestimulada, as atuais autopistas planejadas para veículos circularem a 100 Km/h serão substituídas por vias projetadas para apenas 40 Km/h. Trens magnéticos, ônibus, bicicletas e calçadas serão os meios de transporte interno a serem estimulados. O acesso será melhorado com integração ao trem ou metrô que interligará as atuais ferrovias ao Aeroporto Tom Jobim. Uma hidrovia marítima também está sendo prevista. Uma ponte adicional, ligando-nos ao continente, servirá não apenas como meio de acesso, mas também para impactar visualmente aqueles que passarem pela Linha Vermelha.

E não se trata de sonho. Os recursos já liberados nos permitiram pôr em licitação vários dos projetos, cuja construção está por se iniciar. Um restaurante universitário recém inaugurado, também laboratório de ensino para nosso Instituto de Nutrição, retoma um serviço interrompido há 15 anos. A Petrobras dá sua contribuição com o arrojo arquitetônico do segundo prédio de seu Centro de Pesquisas com construção já bastante adiantada.

Cabe agora aos governos estadual e municipal dar a sua contribuição, a sua retribuição, melhorando as vias de acesso, promovendo a integração da malha ferroviária com o aeroporto, eliminando os focos de engarrafamentos no início da Linha Amarela, dragando o canal, tratando a UFRJ com a importância que tem para o Rio de Janeiro.