Iesa Rodrigues, JB Online
RIO - O ator Milton Gonçalves encerrou festivamente o Fashion Rio, de terno branco e cheio de ginga, encenando o malandro da Lapa, bairro homenageado por Beto Neves, da grife Complexo B.
Depois de looks inspirados pelos turistas, conjuntos de calças xadrezes e casacos com capuz, e por ambulantes, com bermudas e camisetas e ícones do bairro como Madame Satã, traduzidos em looks com meias e camisetas de renda preta e shorts ou calças com uma perna de cada cor, Milton arrancou aplausos de pé. A travesti Patrícia Araújo entrou de vestido de paetês e casaco de pele fake, toda rebolante.
O último dia do Fashion Rio confirmou que a moda não está para brincadeiras. Agora é hora de ser profissional, de conquistar clientes. O que ainda deixa espaço para alegorias, indispensáveis para a originalidade. Nomes como Marcia Ganem, criadora de mantos feitos em fibras de poliamida material que seria jogado no lixo mas é transformado em moda demonstram que uma semana de desfiles acolhe afirmações como "estilo para um tempo de incertezas" e "roupa com capacidade de mutação", em vez de apelar para peças básicas ou versáteis, simplesmente.
Das piscinas para a passarela
O funcional também tem seu lugar garantido, como as roupas de praia assinadas pela atleta da natação, Fabíola Molina, brasileira que desfilou seus sunquínis e biquínis em material que resiste ao cloro da piscinas olímpicas. A própria Fabíola pisou na passarela, com um invejável corpo que passou à frente das modelos em matéria de forma física e bronzeado.
Só não deu para encontrar uma piscina para treinar nestes dias. Fiquei nas piscinas do Sofitel mesmo, quando não estava fazendo os ensaios e as provas do show contou, depois do desfile patrocinado pela Federal Express.
A FedEx, aliás, também trouxe o indiano Rajesh Pratap Singh com uma coleção primorosa, lembrando Balenciaga, mas toda nervurada em cambraias e o estilista nascido em Cingapura, baseado em Londres, Asshley Isham, autor de longos drapeados favoritos das celebridades dos tapetes vermelhos.
No grupo do Rio Moda Hype, o destaque do segundo dia foi a Stefania Rosa, de Brasília, com alfaiataria baseada na arquitetura de Gaudí. As cores fortes foram substituídas pelo preto e cinza, a dupla típica da temporada.