Iesa Rodrigues, JB Online
RIO - Truques de alta costura enfeitam a roupa de vestir estilo prêt-à-porter. Desde a elegante coleção de Esther Bauman para a grife Acquastudio, onde vestidos simples eram decorados com plissados, dobraduras e espirais de pregas prensadas, tudo em tons delicados de rosa pó-de-arroz ou verdes e azuis claros.
Até a vibrante linha invernal da Espaço Fashion, também com dobraduras de tecidos manchados ou de texturas misturadas, trançados e estampas digitais imitando nevascas, auroras boreais e névoas, na passarela com escadarias brancas, e muito gelo seco espalhado por baixo do cenário. Um bom acabamento, um cuidado de estilo e de conceito, retrato do sucesso das irmãs Bianca e Camila Bastos, proprietária desta que é uma das grifes mais populares entre as garotas do Rio.
Os desfiles das grandes marcas propõem uma moda mais fácil de usar, já que em tempo de crise não se deve arriscar em sugestões conceituais, a serem vistas só em um evento, e nunca nas vitrines. Tanto a Espaço Fashion como a Acquastudio costumam fabricar e botar nas lojas tudo o que apresentam em desfile.
O que normalmente não se espera de um novo talento, aquele que tem permissão de delirar, de fantasiar à vontade, de usar materiais inusitados, de enfim, abrir caminhos para uma possível vanguarda, até tecnológica para a moda.
Pois no primeiro grupo de seis novos que mostraram cerca de 10 looks cada um, no Rio Moda Hype, o que se concluiu é que mesmo os novos estão atentos a um futuro a curto prazo que inclua sucesso e vendas. O destaque foi a mineira Julia Valle, que demonstrou bom senso em vestidos de seda com estampas leves, em tons de verde ou cáqui e até a saia com corte saruel pareceu funcional e prática.
Outro principiante, ou estreante no Rio Moda Hype, Martins Paulo trouxe do Piauí uma harmonia de cores vivas, verdadeira raridade nesta temporada de preto-total. Uma homenagem a Cecília Meireles, uma beleza de trabalho, como um grunge do século 21, adaptado em vestidos de babados xadrezes e coletes debruados. Do Paraná, onde viceja um polo de indústria de jeans, Alisson Rodrigues veio com uma linha masculina de black jeans e shorts com leds vermelhos e azuis, além da estampa com o sinal de "pare", que deu a conotação urbana do estilo.
A Ausländer estreou na passarela oficial da cidade com a sala superlotada, a mais cheia até agora. A intenção de mostrar que a marca não faz apenas camisetas com dizeres engraçados e sim, sabe criar moda nem muito pretensiosa, nem muito comercial, resultou em um jeito college/nerd, onde as garotas usam suéteres no padrão Argyl, de losangos dourados em fundo preto e saias com botões dourados no abotoamento tipo calça de marinheiro.
E os rapazes, que na clientela da Ausländer habitualmente são surfistas, vão andar de calças skinny roxas ou vermelhas e pólos com padrão de coroas. Um lance meio rock'n'roll, meio anos 50, que pelo jeito agradou à platéia de adeptos. Se não era, parece que virou comercial, assim como muitas marcas estão seguindo neste Fashion Rio, que acaba hoje.