Marcello Victor, JB Online
RIO - A escola de samba Viradouro, de Niterói, Região Metropolitana do Rio, já realizou o desmonte das alegorias do quinto carro alegórico da escola em que estavam esculturas com bonecos amontoados, simbolizando judeus mortos no holocausto e que foi proibido pela justiça do Rio, na tarde desta quinta-feira. Emocionado, o carnavalesco Paulo Barros acompanhou o desmonte.
A Viradouro informou que fará as mudanças necessárias na alegoria. O carro abordará o tema liberdade de expressão. A Viradouro é a última escola a desfilar no domingo. Segundo a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), a agremiação tem até 24 horaqs antes do desfile para informar sobre as mudanças.
A juíza de plantão do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio, Juliana Kalichsztein, concedeu liminar a Federação Israelita do Rio de Janeiro (FIRJ) e proibiu a escola de samba Unidos do Viradouro, de Niterói, Região Metropolitana do Rio, de exibir esculturas com imagens de corpos de judeus no Holocausto, em um dos carros alegóricos durante o desfile.
A multa foi estipulada pela juíza em R$ 200 mil. Fica proibido também que componentes desfilem fantasiados de Hitler. No caso de descumprimento da decisão, a agremiação terá que pagar R$ 50 por componente. A assessoria de imprensa do TJ não soube informar a alegação da juíza para proibir a alegoria e a fantasia de Hitler.
- Comemoramos a decisão. Não poderíamos permitir uma pessoa representando Hitler vivo acima dos corpos de judeus mortos - informou a assessoria de imprensa da FIRJ.
Conforme a assessoria de imprensa do TJ, a decisão da juíza foi baseada na análise dos fatos e na documentação apresentada, inclusive uma fotografia. A juiza justificou a urgência da medida para que a Viradouro possa providenciar a substituição de algumas fantasias de passistas e executar os reparos no carro alegórico, devendo retirar a parte que retrata os cadáveres nus das vítimas do Nazismo.
- O carnaval brasileiro, especialmente na Cidade Maravilhosa, é evento mundialmente conhecido, esperado e transmitido por diversos veículos de informação dentro e fora das fronteiras do país. Apesar de, em sua essência, pretender passar alegria, descontração e alertar a população sobre fatos importantes que ocorreram e ocorrem através dos anos, um evento de tal magnitude não deve ser utilizado como ferramenta de culto ao ódio, de qualquer forma de racismo, além da clara banalização dos eventos bárbaros e injustificados praticados contra as minorias, especialmente cerca de seis milhões de judeus (diga-se, muitos ainda vivos) liderados por figura execrável chamada Adolf Hitler - afirmou a magistrada na decisão.
Segundo a assessoria de imprensa do TJ, o processo 2008.001.024.4985, impetrado pela FIRJ, será distribuído para 33ª Vara Civil. A juíza responsável pelo caso será Milena Angélica Drumond Morais. A Viradouro ainda pode recorrer.
A vermelha-e-branco de Niterói levará para a Marquês de Sapucaí, o enredo É de Arrepiar, que fala fala sobre as sensações que causam arrepio ao ser humano, como medo, prazer, pânico, entre outros.