"Não estou dizendo que os estaleiros recebem pouco, mas sim que precisam de mais", afirmou o ministro após palestra na feira Niterói Fenashore. Lupi destaca que 40% do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) vai para os cofres do BNDES. Como uma das contrapartidas ao FAT é a geração de empregos, o ministro quer garantir entrada de recursos numa indústria que é muito intensiva em mão-de-obra.
Outro gargalo da indústria naval hoje é a escassez de mão-de-obra. Como o renascimento da construção naval é recente, não existe curso superior adeqüado à realidade atual para formar engenheiros navais. Nem cursos técnicos suficientes para treinar soldadores, maçariqueiros, pintores industriais, entre outras profissões. Em Niterói, cidade responsável por mais da metade da indústria naval, a prefeitura registrou uma demanda de capacitação de 4,8 mil trabalhadores.
O Mauá Jurong, que emprega cerca de 4,5 mil pessoas, tentou treinar profissionais dentro do próprio estaleiro. Mas numa turma de 50 pessoas, conta o responsável pela área de Recursos Humanos, apenas três foram contratados. Passaram, então, a procurar solução dentro das salas de cursos técnicos, entre eles a Cefet e o sistema Senai, da Firjan. O secretária de Desenvolvimento de Niterói, Jandira Feghali, pediu ao ministro que avalie a possibilidade de criar uma unidade da Cefet na própria cidade. Trabalhadores em busca de treinamento, hoje, precisam se deslocar para cidades vizinhas.
O ministro do Trabalho, por sua vez, revelou que está propondo ao Sistema das Indústrias, que envolvem os cursos do Senai, que dividam os custos dos cursos para trabalhadores desempregados, que não têm condições de pagar capacitação. "Pelo cadastro do seguro-desemprego, eu sei quem são, onde estão, em que trabalharam. Podemos direcionar essas pessoas para cursos voltados para preencher a demanda do mercado", disse Lupi.
(Sabrina Lorenzi - Gazeta Mercantil Tempo Real)