CINEMA

Documentário sobre a cantora Sinead O’Connor tem première mundial em Sundance

"Nothing Compares" (Reino Unido / Irlanda), novo trabalho da diretora Kathryn Ferguson, é um dos destaques do festival, que acontece on-line

Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
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Publicado em 26/01/2022 às 09:40

Alterado em 26/01/2022 às 09:44

Sinéad O'Connor Foto: Sundance Institute/Independent News and Media/divulgação

Ferguson navega na trajetória da vida e carreira da cantora irlandesa Sinead O’Connor e sua incessante busca para ser reconhecida. A diretora fez uma escolha consciente de se concentrar no final dos anos 1980 e início dos 1990, quando O’Connor tentava se estabelecer como artista lutando contra o preconceito da indústria da música, então dominada por dirigentes masculinos.

O filme tem início com sua aparição no concerto do 30º aniversário de Bob Dylan, no Madison Square Garden. A partir daí, Ferguson volta sua câmera para a infância de O’ Connor em Dublin, as turbulências na vida profissional, os sofrimentos causados pela mãe que a maltratava inclusive psicologicamente, mas também momentos felizes no auge da carreira, os prêmios e reconhecimentos de outros artistas, a convivência com seu primeiro marido, John Reynolds, e o nascimento do seu primogênito, Jake.

Através do uso criativo de imagens de arquivo, bem como entrevistas exclusivas, “Nothing Compares” é um retrato emocional de uma artista que sempre se preocupou com o entorno de sua área de atuação e cuja coragem em ir contra o preconceito e ações discriminatórias inspirariam gerações seguintes.

O lançamento do filme no Festival infelizmente coincidiu com mais um momento difícil na tumultuada vida da artista irlandesa de 55 anos. Ela está de luto pela morte precoce de seu filho caçula, Shane, que tinha apenas 17 anos.

Na apresentação do filme, Ferguson antecipou que não iria realizar a tradicional sessão de perguntas e respostas após a projeção, em respeito ao momento que O’Connor está vivendo.

Mas não deixou de falar um pouco sobre “Nothing Compares” e sua motivação para realizá-lo.

“Queria contar a história de Sinead O’Connor através de uma perspectiva contemporânea. O filme, que é focado no período de 1987 a 1993, aborda sua carreira meteórica, a ascensão para a fama, além de mostrar sua postura combativa em relação às injustiças que acontecem na Irlanda e no mundo”, disse a cineasta, revelando que quis fazer o filme devido à grande influência que Sinead teve sobre ela quando era uma adolescente em Belfast, onde nasceu.

“O filme mostra o retrato de uma grande artista e sua significância cultural, destacando seu impacto ao redor do mundo”, completou Ferguson, cujo trabalho inovador tem sido exibido em várias plataformas e festivais de cinema mundo afora.

Depois de uma década focando em curtas-metragens, ela estreia em longas com “Nothing Compares”, que integra o Festival competindo pelo melhor filme da Mostra Documentário Mundial.

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